Ricardo Lewandowski:"É possível que exista, mas nos autos nada ficou provado", afirmou o revisor (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2012 às 23h57.
Brasília - O revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, iniciou nesta quinta-feira seu voto, durante julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a conduta do ex-ministro José Dirceu dizendo não haver provas para condená-lo. Classificou as acusações contra o ex-chefe da Casa Civil como "ilações e conjecturas".
"Não descarto que José Dirceu tenha participado, tenha sido até o mentor dessa trama criminosa, mas o fato é que isso não encontra ressonância nas provas dos autos. Não há prova documental, não há prova pericial, e foram sete anos de investigação. O que existem são testemunhos, muitos deles colhidos na CPI do Congresso, alguns na Polícia Federal, e, muitos deles, se não a maioria, desmentidos diante de magistrado togado", disse o revisor.
Lewandowski fez críticas ao Ministério Público, que não teria conseguido comprovar o envolvimento de Dirceu. "A denúncia não descreve de forma satisfatória o liame subjetivo que uniria os integrantes da trama criminosa, em especial quanto a José Dirceu, cuja participação é descrita a partir de meras ilações e conjecturas".
Para o revisor, o que há contra Dirceu é "chamada de corréu". Na visão dele, a acusação se baseia apenas no depoimento de Roberto Jefferson, presidente do PTB, já condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lewandowski afirmou ainda que o próprio Jefferson "desmentiu em parte" seu depoimento em juízo.
"São imputações mais políticas do que jurídicas e não encontram, pelo menos a meu ver, estudei os autos com a profundidade que todo magistrado tem de fazer, e nada encontrei nos autos. É possível que exista, mas nos autos nada ficou provado", afirmou o revisor.