Brasil

Lava Jato: executivos da Camargo Corrêa confirmam propina

Em depoimento, dois executivos da empreiteira confirmaram a Sérgio Moro o pagamento de propina em contratos com a Petrobras


	Planta da Camargo Corrêa: executivo da empreiteira confirmou que o pagamento de propina era "regra do jogo" para as empresas que tinham contrato com a estatal
 (.Divulgação)

Planta da Camargo Corrêa: executivo da empreiteira confirmou que o pagamento de propina era "regra do jogo" para as empresas que tinham contrato com a estatal (.Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2015 às 20h34.

Brasília - Em depoimento prestado hoje (4) à Justiça Federal em Curitiba, dois executivos da empreiteira Camargo Corrêa confirmaram ao juiz Sérgio Moro pagamento de propina em contratos com a Petrobras

Eduardo Hemerlino Leite e Dalton Avancini disseram que 1% dos contratos  da empresa eram pagos às diretorias de Abastecimento e de Serviços.  Os fatos são investigados na Operação Lava Jato.

Os executivos relataram que o pagamento de propina era institucionalizado na empreiteira. Leite e Avancini disseram que, quando ocuparam cargo na diretoria de Óleo e Gás da empreiteira, foram informados, durante a troca de diretoria, sobre os pagamentos de propina.

Segundo Leite, a Camargo Corrêa pagou R$ 63 milhões à Diretoria de Serviços, então comandada por Renato Duque, e R$ 47 milhões, à Diretoria de Abastecimento.  Os pagamentos ocorreram principalmente nas obras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

“Na verdade, o que variava era a capacidade de cumprir esse fluxo. Como os valores eram muito altos, esse 1% era um valor significativo. Pelo menos na Camargo, por não operar sistema de caixa dois, havia uma dificuldade muito grande para efetuar qualquer tipo de pagamento e quase impossível honrar esse fluxo de 1%", disse Leite.

Segundo Eduardo Hemerlino, o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa e Renato Duque, ex-diretor de Serviços, cobravam os valores devidos de propina mesmo depois de deixarem a Petrobras.

“Eu herdei essa pactuação. Me foi informado que isso [pagamento de propina]  deveria ocorrer. Do ponto de vista, se isso representava alguma vantagem, eu diria que, se não pagasse, teria muita dificuldade da gestão contratual com a Petrobras. Era uma condição para celebrar o contrato.  Você  não paga na celebração, você  paga durante, depois, durante a obra, mas você tinha que sinalizar a aceitação", declarou.

Dalton Avancini também confirmou que o pagamento de propina era "regra do jogo" para as empresas que tinham contrato com a estatal.

"Existia um compromisso de 1% para a área de Abastecimento e 1% para a área de Serviços, e que esses valores se destinavam a partidos. Quem apoiava área de abastecimento era o PP e quem apoiava a área de Serviços era o PT", afirmou.

Os dois executivos assinaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e cumprem prisão domiciliar, monitorada por tornozeleira eletrônica.

Paulo Roberto Costa também fez acordo de delação premiada e cumpre prisão domiciliar. Renato Duque foi preso no mês passado na 12ª fase da Operação Lava Jato. A defesa do ex-diretor nega recebimento de propina no período em que ele comandou a Diretoria de Serviços.

Acompanhe tudo sobre:Camargo CorrêaCapitalização da Petrobrascidades-brasileirasConstrução civilCuritibaEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoJustiçaLavagem de dinheiroOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

Mais de Brasil

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil

Justiça Eleitoral condena Marçal por abuso de poder e o declara inelegível

Alexandre de Moraes determina suspensão do Rumble no Brasil

ViaMobilidade investirá R$ 1 bilhão nas linhas 8 e 9 para reduzir intervalos e reformar estações