Lava Jato: os procuradores da República acreditam que produtoras possam ser a peça-chave para desmontar a engrenagem do esquema (Divulgação / Polícia Federal)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2015 às 10h19.
São Paulo e Curitiba - Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato vão estender a todos os órgãos públicos federais as investigações sobre o pagamento de propinas para políticos e agentes públicos na área de publicidade.
Produtoras de áudio e vídeo do País terceirizadas pelas agências de propaganda detentoras das contas governamentais serão incentivadas a fazer delação premiada.
Os procuradores da República acreditam que produtoras possam ser a peça-chave para desmontar a engrenagem de um sistêmico modelo de desvios em contratos milionários de propaganda do governo federal, via pagamentos de comissão para firmas de fachada ligadas a políticos.
Para isso, querem a colaboração espontânea das empresas, com a entrega de provas de pagamentos e nomes envolvidos, para possível negociação de redução de pena quanto as implicações criminais e cíveis dessas produtoras.
Pelo menos cinco produtoras são investigadas no esquema descoberto pela Lava Jato que levou o ex-deputado petista André Vargas (sem partido-PR), seu irmão Leon Vargas e o publicitário Ricardo Hoffmann, da agência Borghi/Lowe, para a cadeia na sexta-feira - alvos da fase A Origem. a 11ª das apurações.
As produtoras de áudio e vídeo Enoise Estúdios, Luiz Portella Produções, Conspiração Filmes, Sagaz Digital e Zulu Fillmes e a agência de publicidade Borghi/Lowe - que mantém contratos com a Caixa Econômica Federal e com o Ministério da Saúde - foram alvos de quebra de sigilos bancário e fiscal decretada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato.
As produtoras foram flagradas fazendo pagamentos de comissão para duas firmas de fachada controladas por Vargas e seu irmão (LSI e Limiar Consultoria) por serviços prestados à Borghi/Lowe - nas campanhas publicitárias da Caixa e da Saúde.
As cinco produtoras informaram que foram orientadas pelo publicitário Ricardo Hoffmann - que era vice-presidente da filial Borghi/Lowe em Brasília - a realizar os pagamentos nas contas das empresas Limiar e LSI.
A Caixa e o ministério disseram que abrirão apuração interna para averiguar os fatos. A agência informou que Hoffmann não é mais funcionário da agência e que cooperou com as buscas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.