Cabral: força-tarefa da Lava Jato no Paraná aponta que o ex-governador teria recebido entre 2007 e 2011 R$ 2,7 milhões de propina da obra do Comperj (Wikimedia Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 18h09.
São Paulo - O Banco Central encontrou R$ 10 milhões em apenas uma das contas bancárias pessoais da advogada e mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), Adriana de Lourdes Ancelmo.
Nas contas pessoais de seu marido - preso preventivamente desde a quinta-feira, 17, por ordem das justiças federal no Paraná e no Rio -por sua vez, foram encontrados apenas R$ 454,26.
Os dados são do bloqueio do Bacenjud, sistema informatizado do Banco Central que atende ao Judiciário, em resposta à determinação do juiz Sérgio Moro que decretou o bloqueio de R$ 10 milhões de Cabral, sua mulher e mais 10 investigados na mesma decisão que determinou a prisão do ex-governador.
É a primeira vez, desde o começo da Lava Jato, que o valor encontrado em apenas uma das contas bancárias de um investigado atinge o valor integral do bloqueio determinado por Moro.
O valor foi encontrado em uma conta de Adriana no Itaú Unibanco. Além desta, ela possui ainda uma conta no Santander e uma no Bradesco, ambas com saldo zero. Já nas contas de seu escritório de advocacia, Ancelmo Advogados, foi encontrado pelo Banco Central R$ 1 milhão.
Levantamento da Receita Federal na Operação Catilinária aponta que a receita do escritório de Adriana teve um salto de 457% entre o início e o fim dos dois mandatos de Cabral à frente do governo do Rio, entre 2007 e 2014.
Neste período, o lucro declarado do escritório, segundo apontou a Receita Federal, foi de R$ 23,2 milhões.
O ex-governador, por sua vez, tinha apenas R$ 428,82 em uma conta no Bradesco e R$ 25,44 em uma conta no Citibank. Já na conta de sua empresa Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica Eireli, criada pelo peemedebista após ele deixar o governo do Rio, o Banco Central não encontrou nenhum centavo.
Em relação à SCF Comunicação, que também possui Cabral como sócio, o CNPJ não constava no sistema de informações financeiras.
A força-tarefa da Lava Jato no Paraná aponta que o ex-governador teria recebido entre 2007 e 2011 R$ 2,7 milhões de propina da obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras.
Já as investigações da Procuradoria da República no Rio de Janeiro apontam que Cabral seria o líder de uma organização criminosa que teria cobrado 5% de propinas de grandes empreiteiras nas obras do governo estadual durante sua gestão.
Somente a Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia, empresas que colaboraram com as investigações, teriam pago o equivalente a R$ 40,2 milhões em propinas para Cabral entre 2007 e 2014.
A reportagem entrou em contato com o escritório de Adriana Ancelmo, mas ela não foi localizada para comentar o caso.