(Eric Gaillard/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 06h56.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 10h23.
A quinta-feira marca o primeiro dia de volta à rotina do presidente Jair Bolsonaro em Brasília, mas também deve ser um dia tumultuado para seu partido, o PSL. A Polícia Federal (PF) convocou para esta quinta-feira, 14, o depoimento da ex-candidata a deputada federal Maria de Lourdes Paixão, que, embora tenha recebido 400 mil reais na semana final de sua campanha, conseguiu angariar apenas 274 votos, num suposto esquema de falsa candidatura revelado pela Folha de São Paulo no último domingo.
Segundo apurou a reportagem da Folha, o atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), teria sido o responsável por arquitetar a candidatura que recebeu 400 mil reais em dinheiro público no estado do Pernambuco. A verba não só é a terceira maior da legenda em todo o país como também ultrapassou o valor recebido para a campanha do próprio presidente Jair Bolsonaro e também da agora deputada Joice Hasselmann (SP), que sozinha obteve 1,079 milhão de votos.
Os 400 mil reais que a candidata teria recebido saíram do fundo nacional do partido e foram depositados em sua conta em três de outubro, apenas quatro dias antes da eleição. De todo o valor repassado pelo PSL, Lourdes declarou ter utilizado 380 mil reais em gastos com gráficas poucos dias antes do pleito. Na época do acontecimento, o agora ministro da Secretaria-geral da presidência, Gustavo Bebianno, era presidente interino do partido e também o coordenador de campanha de Jair Bolsonaro.
O cheiro de laranja no ar levou uma crise para o núcleo mais próximo de Bolsonaro. Ontem, o vereador e filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSC), usou sua conta no Twitter para dizer que Gustavo Bebianno mentiu ao afirmar que teria conversado três vezes com o presidente a fim de apaziguar a situação da suposta candidatura laranja.
“É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado”, publicou na rede social. Em entrevista ao jornal O Globo, Bebianno negou ser motivo de instabilidade no governo após a repercussão do caso. Ele ainda disse ter falado com o próprio presidente nesta terça-feira: “Falei três vezes com o presidente”, disse, se referindo ao tema.
Além da publicação em texto, Carlos ainda compartilhou um áudio no qual Bolsonaro dizia não estar bem para falar com Bebianno, devido a seu quadro clínico. Bolsonaro confirmou a versão do filho, em entrevista à Record, ontem, e ainda colocou o Bebianno na reta do espremedor.
O presidente afirmou que, caso seja comprovado que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência esteve envolvido num esquema de candidatura laranja, poderá deixar o governo. “O partido tem que ter consciência. Não são todos, é uma minoria do partido que está aí nesse tipo de operação que nós não podemos concordar”, afirmou.
Em menos de dois meses de governo, é a segunda crise próxima ao presidente. No Rio, uma série de pagamentos suspeitos envolve seu filho e agora senador, Flávio, que também contratou parentes de milicianos para seu gabinete. O discurso, aí, também é que o presidente não sabia de nada.