"É muito infeliz que tenha sido nessas circunstâncias, mas fiquei feliz pelo fato de a posição do Brasil ter sido retificada e esclarecida no mais alto nível", declarou Lagarde (Pascal Lauener/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2013 às 20h37.
Washington - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou "infeliz" o fato de representante do Brasil na instituição ter decidido não apoiar o plano de reformas da Grécia, uma decisão desautorizada nesta quinta pelo governo brasileiro.
Christine Lagarde disse hoje em encontro com um reduzido grupo da imprensa em Washington que manteve uma conversa pelo telefone com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que indicou que "Brasil apoia totalmente à Grécia, o programa grego (de reformas) e, se o voto pudesse ser dado novamente, o Brasil apoiaria o programa".
O representante brasileiro no Diretório Executivo do FMI, Paulo Nogueira, criticou ontem a decisão do organismo multilateral de desbloquear um novo pacote no valor de US$ 2,29 bilhões para o resgate da Grécia, depois de ter se abstido de votar a medida.
"É muito infeliz que tenha sido nessas circunstâncias, mas fiquei feliz pelo fato de a posição do Brasil ter sido retificada e esclarecida no mais alto nível", declarou Lagarde.
Mantega desautorizou hoje Nogueira pelo voto sobre a Grécia, que, segundo fontes de Brasília, foi realizado sem consultas e nem autorização do ministro.
Esse último desembolso é parte do pacote de resgate à Grécia estipulado com os membros da zona do euro em março de 2012 e que ultrapassa US$229 bilhões em quatro anos.
A Grécia não quebrou em 2010 graças a dois programas internacionais de ajuda por um valor total de 240 bilhões de euros, em troca da aplicação de impopulares medidas de austeridade e reformas econômicas. O plano está coordenado pela tríade formada pelo FMI, a Comissão Europeia (CE) e o Banco Central Europeu (BCE).
Lagarde confiou hoje que a Comissão Europeia seguirá comprometida para contribuir no plano de redução da dívida grega até 120% do Produto Interno Bruto antes de 2021. "Não tenho razões para crer que os europeus não vão cumprir a tarefa sobre a Grécia", indicou Lagarde.
Em um relatório publicado ontem, economistas do Fundo indicavam que a Grécia necessita de 11 bilhões de euros em financiamento extra antes do final de 2015 que não foram identificados ainda dentro do programa de resgate.