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Justiça de SP penhora carro de Ciro Gomes para indenizar Fernando Holiday

Ex-ministro chamou vereador de São Paulo de "capitãozinho do mato" durante entrevista em 2018

Ciro Gomes: ex-ministro foi condenado em 1ª instância a pagar uma multa de R$ 38 mil a Fernando Holiday (Andre Coelho/Bloomberg)

Ciro Gomes: ex-ministro foi condenado em 1ª instância a pagar uma multa de R$ 38 mil a Fernando Holiday (Andre Coelho/Bloomberg)

AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 16h13.

São Paulo — A juíza Lígia dal Colleto Bueno, do Tribunal de Justiça de São Paulo, ordenou a penhora de uma picape do ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT). A decisão foi tomada no processo movido pelo vereador de São Paulo, Fernando Holiday. A ação foi movida após o pedetista comparar o vereador a um capitão do mato.

Na decisão desta segunda-feira, a magistrada determinou apenas a penhora. Ciro foi condenado em primeira instância a pagar uma multa de R$ 38 mil a Fernando Holiday. Em 2018, quando se candidatou à Presidência, Ciro declarou o veículo com um valor de R$ 105 mil.

Os capitães do mato eram funcionários de fazendas durante o período de escravidão responsáveis pela captura de escravos fugitivos. Segundo Ciro, Holiday seria um "capitãozinho do mato" porque, apesar de ser negro, seria favorável a políticas que, na visão de Ciro, iriam contra os interesses da população negra.

"Esse Fernando Holiday é o capitãozinho do mato. A pior coisa que tem é um negro que é usado pelo preconceito para estigmatizar. Esse era o capitão do mato no passado", disse Ciro em junho de 2018.

Holiday considerou a declaração racista. À época, reagiu nas redes sociais lembrando outras declarações machistas ou homofóbicas de Ciro.

"Está acostumado a ofender mulheres, homossexuais no estado dele, mas aqui em São Paulo ele vai ter que me respeitar. Não estamos mais no tempo em que racistas como Ciro são tolerados. Vai responder por isso na Justiça", escreveu o vereador na ocasião.

"Em agenda pelo estado do Amapá fui informado de que fui alvo de ofensas raciais pelo Ciro Gomes, ele me chamou de 'capitãozinho do mato'. A gravidade do ato foge da esfera política. Não é divergência ideológica, mas injúria racial pura e simples. Nossa conversa será na Justiça", disse Holiday em outra mensagem.

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