Presidente Dilma: Justiça Federal usou o discurso da presidente que incentivava as investigações como afirmação da Operação Lava Jato (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2014 às 16h37.
São Paulo - Ao decretar a execução da mais explosiva etapa da Operação Lava Jato, a Justiça Federal recorreu às declarações da presidente reeleita, Dilma Rousseff, e do senador Aécio Neves (PSDB) ainda no calor da campanha eleitoral.
"Apesar de adversários políticos na recente eleição presidencial, ambos, em consenso, afirmaram a necessidade do prosseguimento do processo (da Lava Jato) e a importância dele para o quadro institucional."
Para a Justiça Federal, a "Operação Lava Jato, fruto de um competente trabalho de investigação e de persecução da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, tem recebido grande atenção da sociedade civil, inclusive com intensa exposição na mídia".
"A magnitude dos fatos tem motivado inclusive manifestações das mais altas autoridades do País a seu respeito", destaca o despacho judicial que ordenou prisões temporárias e preventivas e bloqueio de bens dos investigados, entre eles os principais executivos das maiores empreiteiras do País.
"Chamaram a atenção deste Juízo recentes declarações sobre a Lava Jato da Exma. Sra. presidente da República, Dilma Rousseff, e do Exmo. Sr. Senador da República Aécio Neves. Reclamou o Exmo. Sr. Senador, em pronunciamento na Câmara Alta, pelo aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história deste País.
Quanto à Exma. Sra. Presidente, declarou, em entrevista a jornal, que as investigações da Operação Lava Jato criaram uma oportunidade para coibir a impunidade no país."
"Evidentemente, cabe ao Judiciário aplicar as leis de forma imparcial e independentemente de apelos políticos em qualquer sentido", ressalva o despacho judicial.
"Entretanto, os apelos provenientes de duas das mais altas autoridades políticas do País e que se encontram em campos políticos opostos confirmam a necessidade de uma resposta institucional imediata para coibir a continuidade do ciclo delitivo descoberto pelas investigações, tornando inevitável o remédio amargo, ou seja, a prisão cautelar."