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Justiça bloqueia R$ 8,9 milhões de Pezão por reformas no Maracanã

Atual governador do Rio de Janeiro foi preso nesta quinta-feira por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro

Pezão: durante as obras de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, Pezão não seguiu recomendações do TCE (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Pezão: durante as obras de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, Pezão não seguiu recomendações do TCE (Tomaz Silva/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 09h48.

Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 09h49.

A Justiça determinou nesta quinta-feira (29) uma medida liminar de bloqueio de bens do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, no valor de R$ 8,9 milhões.

A decisão foi tomada após identificação de ilícitos envolvendo as obras de reforma do Estádio Mário Filho, o Maracanã.

A medida foi anunciada atendendo a um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção.

A apreensão foi proferida pela 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio no âmbito de uma ação civil pública (ACP), ajuizada na segunda-feira passada (26) pelo MPRJ contra Pezão por ato de improbidade administrativa.

Segundo as investigações, durante as obras de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, Pezão não seguiu recomendações do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para consultar o Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre os requisitos para o uso do estádio nos Jogos Olímpicos de 2016.

O objetivo era promover os ajustes para atender ambas as competições e evitar o desperdício indevido de recursos públicos.

Na época, Pezão era secretário estadual de Obras, coordenador executivo de Projetos e Obras de Infraestrutura e vice-governador do Estado.

De acordo com a ACP, a omissão causou danos ao erário de R$ 2,9 milhões. O prejuízo teria sido causado pela contratação da empresa GE Iluminação do Brasil Comércio de Lâmpadas para trocar o sistema de iluminação do estádio pouco tempo depois do término da reforma anterior.

Auditoria do TCE

Ainda em 2011, mesmo antes de 16 aditivos ao contrato que fizeram o custo final da obra superar R$ 1,3 bilhão, auditoria do TCE constatava que o Maracanã também sediaria as cerimônias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.

Por isso, o tribunal alertava que adequações às exigências do Comitê Olímpico Internacional deveriam ser consideradas nos projetos básico e executivo da reforma em andamento, para evitar outras obras nos anos seguintes.

Apesar de notificado em 29 de julho de 2011, Pezão, então secretário de obras, sequer respondeu à Corte de Contas.

Em 2013, o TCE comunicou a Pezão que ele seria pessoalmente responsabilizado por eventuais novos gastos com adaptações no estádio para os eventos de 2016.

A recomendação do tribunal pretendia atender ao princípio da economicidade, de modo a empregar as verbas públicas com melhor relação custo-benefício, evitando desperdícios de recursos.

Anteriormente, essa situação já havia acontecido, quando milhões de reais investidos na reforma do mesmo estádio para os Jogos Pan-Americanos de 2007 foram perdidos em razão da demolição e reconstrução parcial do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.

Na ação civil pública, os promotores escreveram "como o demandado foi expressamente notificado pelo Tribunal de Contas do Estado para se certificar junto ao Comitê Olímpico Internacional sobre as exigências técnicas para os eventos de 2016 a tempo de providenciar as alterações dos projetos de reforma em curso no estádio à época e quedou-se inerte, a realização da nova obra pouco tempo depois da reforma quase integral do Maracanã deixou claro que sua conduta omissa extrapolou os limites da mera incompetência para configurar ato de improbidade administrativa", diz o documento.

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