O ex-diretor da Petrobras tornou-se réu no processo da Operação Lava Jato (Ueslei Marcelino/Reuters)
Mariana Desidério
Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 17h30.
São Paulo - A Justiça aceitou na tarde de hoje a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra nove dos 36 denunciados na Operação Lava Jato.
Com isso, tornaram-se réus no processo o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e mais sete pessoas.
Dentre os réus estão três diretores e o vice-presidente da construtora Engevix, uma das empreiteiras investigadas no esquema.
Os diretores são Carlos Eduardo Strauch Alberto, Newton Prado Júnior e Luiz Roberto Pereira. O vice-presidente é Gerson de Mello Almada.
Enivaldo Quadrado também se tornou réu. Ele é dono da corretora Bônus-Banval e já havia sido condenado por lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão.
O último nome é Waldomiro de Oliveira, braço direito de Yousseff.
Engevix
O despacho do juiz Sérgio Moro deixa claro que, por enquanto, foi aceita a denúncia apenas para os crimes que envolvem a empreiteira Engevix.
A decisão afirma que, segundo a denúncia do MPF, a Engevix teria conseguido vencer licitações de obras da Petrobras através do pagamento de propina.
“Os dirigentes da Engevix teriam destinado pelo menos cerca de 1% sobre o valor dos contratos e aditivos à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, destes valores sendo destinado parte exclusivamente a Paulo Roberto Costa”, diz o documento.
O despacho diz ainda que parte do dinheiro chegou a ser paga a Paulo Roberto Costa após sua saída da estatal.
Documentos falsos
Em sua decisão, Sérgio Moro também fala sobre os indícios que justificam a aceitação da denúncia.
Ele afirma, por exemplo, que, intimada, a Engevix apresentou documentos falsos à Justiça Federal, “sem fazer qualquer ressalva quanto ao seu caráter fraudulento”.
Diz ainda que há registros de conversas entre os executivos da Engevix e o doleiro Alberto Yousseff.
Segundo a denúncia, o vice-presidente Gerson Almada seria o principal responsável pelo esquema dentro da empresa.
Em sua sala foram apreendidos documentos que apontam a existência do “clube” de empreiteiras.
Segundo o MPF, o clube driblava as licitações da Petrobras. Os preços oferecidos à estatal eram calculados e ajustados em reuniões secretas para definir quem ganharia o contrato e qual seria seu valor.
Já os diretores da Engevix assinaram contratos fraudulentos e também aparecem em mensagens trocadas com o grupo de Yousseff.
O juiz já marcou a primeira audiência para o julgamento do caso, que está agendada para 3 de fevereiro.
Três dos nove réus já estão presos: Gerson de Mello Almada, Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa.
Agora veja o que o MP descobriu sobre a corrupção na Petrobras.