Justiça na ação cautelar, os advogados da Retrans alegam que a Mendes Júnior atrasa pagamentos desde setembro de 2014 (Oxford/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2015 às 20h03.
Rio - A Justiça de Minas Gerais acatou na última quinta-feira liminar pedindo o arresto de R$ 2,284 milhões da construtora Mendes Júnior, em favor de uma pequena fornecedora, a Retrans Guindastes e Montagens, engrossando ainda mais a enxurrada de ações contra as empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
Na ação cautelar, os advogados da Retrans alegam que a Mendes Júnior atrasa pagamentos desde setembro de 2014.
Os pagamentos atrasados, segundo a Retrans, são devidos pelo aluguel de equipamentos e mão de obra especializada para sua operação na expansão da unidade da fabricante de cimento suíça Holcim, em Barroso (MG), obra de R$ 1,4 bilhão iniciada em maio de 2012, onde trabalham hoje 3 mil operários.
Na decisão, o juiz Mauro Francisco Pittelli, da 1ª Vara Cível de Juiz de Fora, diz que "os documentos juntados aos autos demonstram que a medida cautelar de arresto é necessária". "A demora em providências a serem tomadas contra a Requerida (a Mendes Júnior) pode causar danos patrimoniais ao Requerente (a Retrans)", escreve o juiz.
O arresto foi feito pelo Bacen Jud, sistema do Banco Central (BC) para o bloqueio judicial de contas correntes. Procurada, a Mendes Júnior informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não foi notificada da ação e não fez comentários.
O site do Tribunal de Justiça de Minas informa que a carta de citação foi expedida na última segunda-feira. O advogado da Retrans, Juarez Loures, confirmou a decisão do juiz, mas não fez comentários adicionais.
O juiz também acatou o pedido de Loures de que sejam bloqueados os pagamentos da Holcim à Mendes Júnior. Quaisquer pagamentos deverão ser depositados judicialmente. A assessoria de imprensa da Holcim também informou que a empresa não foi notificada da ação.
A expansão da fábrica da Holcim é "uma das maiores obras industriais" em curso no País e 80% dos trabalhos foram concluídos, de acordo a assessoria de imprensa da Mendes Júnior. As duas empresas informam que as obras estão no cronograma.
A Holcim disse que a previsão de término é "meados do segundo semestre deste ano". Um release da multinacional suíça de 2013 mencionava que a obra ficaria pronta entre o fim de 2014 e o início deste ano.
A Mendes Júnior, que teve seu vice-presidente preso em novembro, está entre as empresas envolvidas na Lava Jato em situação mais crítica. Com pedidos de falência por parte de seus credores, a construtora está ameaçada de pedir recuperação judicial, como revelou em janeiro o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
As dívidas no curto prazo da construtora somavam R$ 189 milhões, enquanto seu caixa contabilizava cerca de R$ 50 milhões no fim do primeiro semestre de 2014, segundo agências de classificação de risco.
A ação da Retrans é apenas mais um problema da Mendes Júnior. Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo mês passado, a SH Formas, locadora de equipamentos para construção (andaimes, escoras metálicas, etc.), pediu a falência da construtora, para cobrar uma dívida de R$ 2,2 milhões.
No começo do ano, a Mendes Júnior teve dificuldade para pagar funcionários da obra de Transposição do São Francisco e estaria ainda prestes a entregar o contrato de construção do trecho Norte do Rodoanel de São Paulo.