Brasil

Juristas, advogados e professores criticam falas de oficiais do Exército

General Villas Bôas disse assegurar à Nação "que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade"

Villas Bôas: general usou o Twitter para dizer que o Exército repudia a impunidade e está à disposição da Nação brasileira (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Villas Bôas: general usou o Twitter para dizer que o Exército repudia a impunidade e está à disposição da Nação brasileira (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de abril de 2018 às 16h01.

Brasília - Sem citar diretamente o comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas, um grupo de 150 juristas, advogados, professores e políticos divulgou um documento criticando as declarações de oficiais das Forças Armadas e afirmando que essas falas visam intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF).

"As recentes manifestações que evocam atos de força configuram clara intimidação sobre um Poder de Estado, o Supremo Tribunal Federal. Algo que não acontecia desde o fim da ditadura militar", escreve o grupo que tem entre os signatários o ex-ministro e advogado e professor da PUC/SP, Jose Eduardo Cardozo, e Celso Amorim, ex-chanceler brasileiro.

O manifesto, intitulado, "O Brasil e a Democracia sob ataque" diz ainda que é "urgente que os Poderes da República repudiem esse tipo de pressão". "As falas veiculadas nas últimas horas por oficiais das forças armadas dificultam um julgamento isento e colocam em xeque a democracia. Não são pessoas que estão em jogo. É a República. E a democracia", afirmou.

Ontem, na véspera do STF julgar o habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Villas Bôas usou o Twitter para questionar o comportamento das instituições brasileiras e dizer que o Exército repudia a impunidade e está à disposição da Nação brasileira.

"Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?", questionou o comandante, que ontem tinha mais de 112 mil seguidores no Twitter e depois da polêmica declaração ganhou cerca 50 mil seguidores.

O general disse ainda assegurar à Nação "que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais".

Hoje pela manhã, sem citar a declaração de Villas Boas, o presidente Michel Temer usou uma cerimônia no Palácio do Planalto para defender a Constituição e a Liberdade de expressão.

"O que mais prejudica o país é desviar-se das determinações constitucionais, quando as pessoas começam a desviar-se das determinações constitucionais, quando as pessoas acham que podem criar o direito a partir da sua mente e não a partir daquilo que está escrito, seja literalmente ou sistematicamente, você começa a desorganizar a sociedade", afirmou, em uma critica velada ao ministro do STF, Luis Roberto Barroso, com quem o Planalto trava uma "guerra" por conta das últimas decisões do magistrado que atingiram diretamente o presidente.

Signatários

Além de Cardozo e Amorim, estão entre os signatários do documento o ex-presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Mauro Menezes; o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; o juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Roberto Figueiredo Caldas; o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, Tecio Lins e Silva; o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay.

Acompanhe tudo sobre:ExércitoJustiçaLuiz Inácio Lula da SilvaSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Brasil pode ser líder em aço verde se transformar indústria com descarbonização, dizem pesquisadores

Cassinos físicos devem ser aprovados até 2026 e temos tecnologia pronta, diz CEO da Pay4fun

Com aval de Bolsonaro, eleição em 2026 entre Lula e Tarcísio seria espetacular, diz Maia

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil