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Jungmann: documentos da CIA não afetam prestígio das Forças Armadas

Ministro disse que governo não teve acesso a documentos americanos que acusam ex-presidente Ernesto Geisel de ter autorizado execução de opositores

Jungmann: "As Forças Armadas são um ativo democrático, isso não é tocado por uma reportagem" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Jungmann: "As Forças Armadas são um ativo democrático, isso não é tocado por uma reportagem" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de maio de 2018 às 19h51.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira, 11, que a divulgação de documentos da CIA de 1974, que acusam o ex-presidente Ernesto Geisel de ter endossado a execução de presos políticos durante a ditadura militar, não afeta o "prestígio" das Forças Armadas. Ex-ministro da Defesa, Jungmann disse que o governo ainda não teve acesso ao documento de forma oficial, mas afirmou que alguma medida deve se tomada.

"O governo não tem conhecimento desses documentos, não estamos desconsiderando (o documento da CIA), mas precisamos ter acesso de forma oficial. O prestígio das Forças Armadas permanecem nos mesmos níveis. As Forças Armadas são um ativo democrático, isso não é tocado por uma reportagem", afirmou.

A polêmica se deu diante da divulgação de um memorando escrito em abril de 1974 por William Colby, então diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, no qual ele afirma que o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) decidiu manter a política de "execução sumária" de opositores do regime militar praticada pelos órgãos de segurança durante a presidência de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974).

Ex-ministro da Defesa, Jungmann foi evasivo, no entanto, quando questionado sobre quais ações efetivamente devem ser tomadas pelo governo brasileiro. "Não tivemos acesso a documentos oficiais. Não é minha área, não é decisão minha. Alguma medida deve ser tomada, mas não é da minha área. Não sou mais ministro da Defesa, quem deve tomar essa decisão são responsáveis pela área", complementou.

As declarações foram dadas durante coletiva de imprensa, no Ministério da Justiça, para o lançamento da Operação Tiradentes II - uma força-tarefa de 24 horas de todas as forças militares estaduais para ações de segurança pública. Por conta disso, estava presente também o secretário Nacional de Segurança Pública, general Santos Cruz, que relacionou a divulgação às "eleições" e "interesses políticos".

"Tem de ler com bastante profundidade esse documento e não ficar só na manchete, né? Esse ano é um ano eleitoral, uma eleição que vem com pesquisas...foram publicadas várias notícias de que um número maior de militares está participando nessa próxima eleição. Então tem tudo isso aí. Tem que ver também interesses políticos nesse tipo de divulgação... Tem que ver o contexto político em que isso aí está colocado", afirmou.

O Departamento de Estado Americano tirou do memorando a classificação de confidencial em 2015, ao lado de outros 404 documentos envolvendo oito países da América do Sul. Eles cobrem o período entre 1973 e 1976, durante as presidências dos republicanos Richard Nixon e Gerald Ford. Foi descoberto pelo pesquisador Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O memorando tem o número 99 e é da gestão Nixon.

O assunto do documento é descrito como "decisão do presidente brasileiro Ernesto Geisel de continuar a execução sumária de perigosos subversivos sobre certas condições". O primeiro parágrafo do memorando, com sete linhas, não foi desclassificado pelo Departamento de Estado. É provável que ali estivesse a descrição sobre quem seria a fonte da informação que Colby repassava a Kissinger.

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