O ex-goleiro Bruno Fernandes, acusado pela morte de Eliza Samudio (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2013 às 09h36.
Belo Horizonte - "Para mim é muito cômodo: se eu ganhar, ganhei, senão, anulo." A frase de Lúcio Adolfo da Silva, advogado do goleiro Bruno Fernandes, resume o espírito que impera na defesa dos acusados de envolvimento no sequestro e morte de Eliza Samudio, de 24 anos, ex-amante do jogador.
A maior parte dos advogados envolvidos no caso estará presente a partir desta segunda-feira no salão do Tribunal do Júri de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para acompanhar o julgamento do atleta e de sua ex-mulher Dayanne Rodrigues do Carmo, acusada do sequestro e cárcere privado do bebê de Bruno com Eliza, e promete não adotar medidas para tentar adiar a decisão dos jurados.
No entanto, todos os defensores afirmam que há irregularidades no processo e já adiantaram que, caso as sentenças não sejam favoráveis aos réus, vão pedir a anulação dos julgamentos.
O braço direito do goleiro, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e outra ex-amante de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, já foram condenados em novembro passado. Ainda serão julgados o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em 22 de abril, e Elenílson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, em 15 de maio.
Lúcio Adolfo, que assumiu a defesa de Bruno em novembro, levando a Justiça a adiar o julgamento do goleiro, afirma que há uma série de irregularidades no processo. "A juíza também determinou a expedição de um atestado de óbito antes do julgamento. Isso influencia diretamente no ânimo do júri", observou.
Em janeiro, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, presidente do Tribunal do Júri de Contagem, acatou pedido da família de Eliza e do Ministério Público Estadual (MPE) e determinou a expedição do documento, apesar de o corpo da jovem nunca ter sido encontrado. "Esse caso certamente será decidido nos tribunais superiores", avaliou o advogado. "Tenho muito carinho e respeito pela juíza, mas não concordo com algumas decisões jurídicas dela", acrescentou.
Já Ércio Quaresma Firpe, que defende Bola, afirmou que o problema da magistrada com ele "é pessoal" e adiantou que também pretende levar o caso para instâncias superiores do Judiciário.
"Ela (Marixa) ultrapassou o limite do racional", disparou. O polêmico advogado, que representou Bruno durante as investigações e deixou o caso para se tratar de uma dependência de crack, abandonou o plenário do júri em novembro, alegando cerceamento de defesa, levando a magistrada a desmembrar o processo em relação ao ex-policial.
Agora, Quaresma pretende participar do julgamento de Bruno e Dayanne, mas quer questionar todos que forem ouvidos em plenário. "Vou mostrar a diferença de acórdão e acordão", adiantou, em referência a um suposto acordo do MPE com Macarrão para que o réu confessasse. Marixa, porém, autorizou perguntas apenas aos réus. Em novembro, o TJMG autorizou os advogados a fazerem perguntas também para as testemunhas, mas a juíza considerou que a determinação era válida apenas para o julgamento anterior.