Edson Fachin: "O colegiado é formando por posições distintas, o dissenso é natural" (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de junho de 2018 às 15h11.
Última atualização em 27 de junho de 2018 às 15h19.
Brasília - O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira, 27, que juízes não têm derrota ou vitória, ao comentar a sessão da Segunda Turma desta terça-feira, 26, na qual ficou vencido em cinco processos, sendo quatro no âmbito da Lava Jato.
Questionado sobre o julgamento do pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e se o adiamento (Fachin enviou o caso ao plenário) motivou uma "retaliação" ao ministro na turma, Fachin disse que "juízes não tem ideologia nem segmento para pender para um lado A ou lado B".
"O colegiado é formando por posições distintas, o dissenso é natural, e é por isso que nessa mesma medida os julgamentos se deram e vão se dar na luz da ordem normativa constitucional, e cada magistrado aplicando aquilo que depreende da Constituição. Foi um dia de atividade normal, assim está sendo e assim será", afirmou o relator da Lava Jato sobre a sessão da Segunda Turma, que libertou o petista e ex-ministro José Dirceu da prisão, um dos casos em que o ministro foi voto isolado.
Ao falar sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fachin disse que o magistrado tem de deixar as convicções pessoais para "o lado de fora da sala de julgamento". "É assim que tenho me portado, e isso que me dá paz na alma", ressaltou.
A sessão extraordinária realizada nesta terça deixou ainda mais explícito o isolamento do de Fachin na Segunda Turma do STF. Em sua maioria, os ministros da turma possuem um perfil crítico aos métodos de investigação da Operação Lava Jato.
O relator da operação tem optado por remeter algumas questões diretamente ao plenário da Corte, a exemplo do que fez na segunda-feira, 25, com o recurso de Lula para suspender sua prisão. Integrantes da Segunda Turma acreditam que o relator da Lava Jato fez isso como uma manobra para evitar uma nova derrota no colegiado.
Conforme revelou a Coluna do Estadão na sexta-feira passada, dia 22, ministros cogitavam, ao analisar o pedido da defesa do petista, a possibilidade de Lula ir para a prisão domiciliar, mas sem alterar os efeitos de sua condenação, como a inelegibilidade.