Brasil

Juiz sugeriu ao CNJ ocultação dos nomes de plantonistas nos tribunais

Plantões judiciários foram alvo de questionamentos após o desembargador Rogério Favreto soltar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Favreto: em plantão no dia 8 de julho, o magistrado atendeu a um pedido feito 32 minutos depois do começo do plantão e mandou tirar Lula do cárcere por duas vezes (Sylvio Sirangelo/TRF-4/Flickr)

Favreto: em plantão no dia 8 de julho, o magistrado atendeu a um pedido feito 32 minutos depois do começo do plantão e mandou tirar Lula do cárcere por duas vezes (Sylvio Sirangelo/TRF-4/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de julho de 2018 às 09h01.

Última atualização em 17 de julho de 2018 às 09h02.

São Paulo - O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande (MS), Carlos Garcete, enviou em agosto do ano passado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma proposta para alterar o regime de plantão judiciário em primeiro e segundo graus de jurisdição, disciplinado pela Resolução 71, do órgão. Em uma das modificações, o magistrado solicita que o nome dos juízes e desembargadores em plantão não sejam divulgados.

Em maio deste ano, o pedido de Garcete foi juntado a um outro processo - da Associação dos Magistrados do Distrito Federal e Territórios e da Associação Nacional dos Magistrados Estaduais - Anamages). Os casos foram incluídos na pauta de sete sessões do CNJ entre maio e junho deste ano.

Os plantões judiciários foram alvo de questionamentos após o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, soltou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - preso desde 7 de abril pela Operação Lava Jato. Em plantão no dia 8 de julho, o magistrado atendeu a um pedido feito 32 minutos depois do começo do plantão e mandou tirar Lula do cárcere por duas vezes.

A primeira decisão do desembargador Favreto foi derrubada pelo relator da Lava Jato, João Pedro Gebran Neto. As duas ordens de soltura perderam efeito, por decisão do presidente da Corte, Thompson Flores.

A Resolução 71 foi assinada em 2009 pelo então presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O despacho tem 13 artigos.

Em seu pedido de providências, o juiz Carlos Garcete solicita ao Conselho que "aperfeiçoe a Resolução". O magistrado requer a inclusão da "obrigatoriedade de constar, em decisões proferidas durante plantões judiciários, preliminares expositivas da necessidade do exame do caso naquele período excepcional, sob pena de perecimento de direito".

Em outro trecho, Carlos Garcete solicita que os nomes dos magistrados plantonistas não sejam divulgados previamente. Para o juiz, a comunicação é um "flagrante equívoco".

"Referida divulgação - prévia e pública - acaba por direcionar, inequivocamente, grande parte de pleitos em plantões, haja vista que advogados militantes, por conhecerem previamente posicionamentos específicos de magistrados sobre temas Jurídicos, notadamente em caso de desembargadores, acabam por aguardar o plantão daquele desembargador de sua preferência para distribuir, ad exemplum, habeas corpus, diante da prévia escala publicada", afirma o juiz ao CNJ.

"O que deve ser publicado previamente é o local e os contatos com os servidores plantonistas para atendimento e recebimento de petições no plantão, e não os nomes de magistrados", conclui o magistrado.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaPrisões

Mais de Brasil

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados