Andrei Netto foi a Líbia para cobrir o confornto entre rebeldes e as forças de Kadafi (Marco Longari/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2011 às 18h20.
São Paulo – O repórter brasileiro Andrei Netto, do jornal O Estado de S. Paulo, deixará a Líbia amanhã (11) na condição de deportado. Quando foi preso por forças de segurança do governo líbio, o repórter não estava com a documentação exigida para trabalhar no país africano. Segundo o jornal, Netto tentava regularizar a situação migratória no momento da prisão. Ele foi detido quando deixava a casa onde estava, na cidade de Zaydan.
“Ele foi preso no momento em que tentava regularizar a situação de imigração, de conseguir uma autorização de trabalho. Ele e um colaborador do [jornal britânico] The Guardian foram cercados por quatro homens que os encapuzaram. Deram uma coronhada na cabeça dele e, no momento, ele perdeu o sentido da audição, que recuperou logo depois” informou Roberto Lameirinhas, editor do jornal, que conseguiu falar com Netto por telefone na tarde de hoje (10).
A direção do Grupo Estado, que edita o jornal, creditou à libertação do jornalista o alarde da imprensa internacional e as ações do Itamaraty e da embaixada líbia no Brasil. “Todo esse alerta que foi dado em rede a partir de domingo para segunda-feira e, também, as gestões diplomáticas tanto do Itamaraty quanto da embaixada líbia do Brasil, que mandou para lá os documentos e fez saber que o jornal estava a procura desse correspondente, foram decisivos”, disse o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour.
Netto confirmou no telefonema que está bem e em segurança na casa do embaixador brasileiro na Líbia, George Ney de Souza Fernandes, em Trípoli. Ele sairá do país amanhã com destino a Paris, onde mora. Andrei, que passou oito dias preso no que lhe pareceu ser uma base militar, disse que não foi torturado fisicamente durante o período da detenção e que só foi agredido no momento em que foi capturado.
“Ele disse que, de nenhuma maneira, foi torturado, excetuando a tortura psicológica de ficar na prisão, em uma cela isolada, sem nenhuma informação de quando e como seria libertado”, disse Lameirinhas. Netto contou ainda que recebeu água e comida e foi submetido a um interrogatório normal quando entrou na prisão. No entanto, foi impedido de fazer contato com a embaixada brasileira no país. “A prisão de um profissional e o impedimento de contatar a autoridade diplomática no país parece inadequada”, disse Gondour. O repórter brasileiro entrou na Líbia com um grupo de jornalistas pela fronteira da Tunísia.