A NOVA LÍDER DO GOVERNO: a deputada recém-eleita já confirmou interesse em concorrer à prefeitura de São Paulo / Valter Campanato/Agência Brasil
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 06h41.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2019 às 07h11.
A estreante deputada federal Joice Hasselmann (PSL), que não tem a temperança como uma de suas qualidades mais conhecidas, é a nova líder do governo no Congresso. Quando assumiu, no dia primeiro de fevereiro, a deputada afirmou que atropelaria quem cruzasse seu caminho.
Agora, sua missão será unir a base aliada a um “time de articuladores” para aprovar a principal pauta econômica do governo Bolsonaro: a reforma da Previdência. A parlamentar que se autodefine com um “trator” terá que coordenar as expectativas de seus pares na Câmara, abrir diálogo com os partidos e encontrar uma linha de comunicação com o eleitorado, que até o momento tem ficado em segundo plano na agenda do governo quando o assunto é a mudança nas regras da aposentadoria.
As negociações serão duras. Em reunião com líderes do PSL na noite de terça-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que está disposto a “resolver problemas” com liberação de emendas e distribuições de cargos nos estados – mesmo script do que o capitão costumava chamar de “velha política” ou toma-lá-dá-cá. Bolsonaro disse ainda que ele e o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, vão abrir o diálogo para formação da base aliada logo após o carnaval, segundo reportagem da GloboNews.
Para Elmar Nascimento, líder do DEM da Câmara, a decisão de convocar apenas aliados não foi errada. Em entrevista ao Antagonista, o parlamentar disse que Bolsonaro avaliou que os partidos não estão dispostos a dialogar. “Com a oposição que quer […] fazer o enfretamento, obstruir, não tem jeito. É melhor debater no parlamento mesmo”, afirmou ao blog.
O tempo está correndo, e o governo não tem nem um esboço da votação da reforma da Previdência. Na verdade, faltam até indicações de como os parlamentares devem votar: se vão seguir o direcionamento dado por seus partidos (ou bancadas) ou se vão decidir de acordo com os interesses de seus eleitores acerca da matéria em pauta. “Não faz sentido, neste momento, começar um levantamento de votos sem o texto estar maturado”, afirmou o deputado Major Vitor Hugo, líder do governo na Câmara, ao Antagonista.
Em evento do banco BTG Pactual, ontem, Hasselmann afirmou que a alardeada estratégia do governo de negociar com bancadas temáticas, e não com partidos, já mudou. Confirmou ainda que cogita, sim, concorrer à prefeitura de São Paulo no ano que vem. O governo carece, portanto, de uma estratégia de negociação e apostou numa negociadora inexperiente e que tem uma agenda própria de protagonismo no Congresso.