JBS: empresa disse que projeto foi cancelado porque o BNDESPar se opôs à reorganização / Newton Menezes/Folhapress
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2016 às 19h01.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h04.
Cleto delata
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira a Operação Sépsis, em mais um desmembramento da Lava-Jato. A operação teve como alvo a fabricante de celulose Eldorado, do grupo J&F — que também controla a JBS. A PF realizou buscas na sede do grupo e na casa de seu dono, Joesley Batista, em São Paulo. A operação também realizou buscas na casa do empresário Henrique Constantino, acionista majoritário da Gol. O empresário Lúcio Funaro, apontado como operador do deputado Eduardo Cunha, foi preso. A ação teve como base a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, além de aspectos relatados pelo ex-executivo da Hypermarcas Nelson Mello. Também foi feita operação de busca e apreensão na casa do lobista Milton Lyra, em Brasília. Ele é ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros.
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Ameaça de Funaro
Tanto Fábio Cleto quanto Nelson Mello afirmaram que foram ameaçados pelo operador Lúcio Funaro. Segundo Cleto, Funaro ameaçou colocar fogo em sua casa com seus filhos dentro. Mello relatou que o operador continuou pedindo propina até março deste ano e chegou a descobrir um endereço e um telefone que ele jamais havia dado. Milton Schain, dono do grupo empresarial que leva seu sobrenome, já havia denunciado intimidações semelhantes do operador. Os relatos motivaram a detenção do empresário.
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Eike delatado
Fábio Cleto relatou que a LLX, braço de logística do grupo EBX, do empresário Eike Batista, pagou propina a ele e ao deputado Eduardo Cunha para obter recursos do Fundo de Investimentos do FGTS. Em sua delação premiada, a vantagem indevida foi paga para a aquisição de debêntures de 750 milhões de reais da LLX em 2012. Depois disso, o FI-FGTS liberou mais recursos para a construção de um porto. Cleto recebeu cerca de 240.000 reais de propina nessa negociação. Ele não informou quanto foi para o deputado peemedebista. Segundo Cleto, a cobrança dos valores era feita diretamente por Cunha.
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J&F também pagou
Cleto também informou que a empresa Eldorado Brasil Celulose, do grupo J&F, dono da JBS, pagou 680.000 em propina para receber um investimento de 940 milhões de reais do FI-FGTS. Também receberam nessa transação Eduardo Cunha e o empresário Lucio Funaro, operador do deputado. Segundo Cleto, o dono do grupo, Joesley Batista, foi responsável pelos pagamentos de propina. Os investigadores apontaram que Joesley e Funaro tinham uma relação que ultrapassava o aspecto “profissional”. Por isso, sua casa foi alvo de uma operação de busca e apreensão. Em nota, a Eldorado informou que desconhece as razões e o objetivo da ação da Polícia Federal.
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O achaque na Caixa
Cleto disse aos investigadores que, depois de ser indicado à vice-presidência da Caixa, foi obrigado a deixar uma carta de renúncia assinada como garantia de que assumiria os compromissos acertados com o grupo do deputado Eduardo Cunha. Segundo ele, o acordo era que ele repassaria a Cunha e Funaro todos os projetos que estavam em tramitação na área do FI-FGTS e da Carteira Administrada. Cunha e Funaro passavam como deveria ser seu voto em cada projeto.
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Temer reprovado
De acordo com pesquisa do Ibope encomendada pela CNI, 39% da população avalia o governo do presidente interino Michel Temer como ruim ou péssimo, 13% enxergam a gestão como ótima ou boa, enquanto 36% acham o governo regular ou médio. Na última pesquisa, realizada durante o governo Dilma, a presidente afastada tinha 69% de rejeição. Diante dos números, Temer quer cancelar eventos marcados para as regiões Norte e Nordeste, tradicionais redutos petistas. O foco deve ser em eventos com a participação de grupos que se identificam com seu governo.
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Jornalismo livre
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu as ações movidas por dezenas de juízes e promotores paranaenses contra os jornalistas da Gazeta do Povo. Os processos eram considerados uma “ação orquestrada” dos magistrados para paralisar o trabalho dos jornalistas e forçar a presença deles em audiências em todo o Paraná. As ações intimavam cinco jornalistas a responder pela realização de reportagens sobre supersalários do Judiciário do estado. Os jornalistas percorreram mais de 9.000 quilômetros e compareceram a audiências em mais de 25 cidades.
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Vaquinha magra
Arrecadações feitas por meio de aplicativos ou sites de financiamento coletivo estão proibidas nas próximas campanhas eleitorais municipais. O TSE decidiu que não vai analisar uma consulta apresentada à corte questionando as formas das doações virtuais, seus registros e prazos. A ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora do caso, alegou que a legislação não cobre a questão de arrecadação digital e que o TSE não devia sequer analisar o caso. As pessoas físicas que quiserem realizar doações às campanhas devem doar pelo canal oficial do candidato, do partido ou da coligação.
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Gilmar Mendes defende projeto de Renan
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, defendeu nesta sexta-feira o projeto de lei que trata de abuso de autoridade, recentemente desengavetado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Segundo Mendes, a proposta nada tem a ver com a Lava-Jato. O texto define os crimes cometidos por integrantes da administração pública, como o Ministério Público, e prevê punições. O projeto determina também penas para autoridades que “vazarem” relatórios, documentos ou papéis “obtidos como resultado de interceptação telefônica, de fluxo de informação informática ou telemática (…) de escuta ambiental”.
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Russomanno desviou?
A Procuradoria-Geral da República se manifestou a favor da condenação do deputado Celso Russomanno por peculato na ação que corre contra ele no Supremo Tribunal Federal e pediu urgência em sua apreciação pelos ministros. Se o Supremo decidir condená-lo, Russomanno será enquadrado na Lei Ficha Limpa e não poderá disputar a eleição para a prefeitura de São Paulo. Segundo o Ministério Público, ele empregou, de 1997 a 2001, em sua produtora uma funcionária que trabalhava em seu gabinete de deputado. O salário dela seria pago pela Câmara.
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Luiza Brunet agredida
A modelo Luiza Brunet foi agredida pelo marido, o empresário Lírio Albino Parisotto. O caso ocorreu em maio em Nova York. Em depoimento ao Ministério Público, Brunet afirmou que o ex-companheiro a agrediu após um jantar com amigos. Ela foi agredida com socos e pontapés e teve quatro costelas quebradas. Segundo o MP, Parisotto está proibido de se aproximar de Luiza e de manter contato com ela. O empresário disse que “lamenta versões distorcidas”, as quais serão esclarecidas na Justiça. Parisotto é um dos 600 homens mais ricos do mundo e atua em vários setores, como petroquímica e mídia. Recentemente, atuou na venda do Grupo RBS para investidores e ficou com 25% do negócio.