STF: em conversa gravada, os executivos mencionam ministros da Corte (José Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 14 de setembro de 2017 às 19h12.
O empresário Joesley Batista, sócio da JBS, e o ex-executivo da J&F Ricardo Saud ficaram calados durante interrogatório hoje (14) na Superintendência da Polícia Federal.
Os dois foram ouvidos em investigação instaurada por determinação da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, para apurar o episódio envolvendo o conteúdo de conversa gravada entre os dois em que mencionam ministros da Corte.
O advogado de Joesley e Saud, Antonio Carlos Castro Machado, o Kakay, disse à Agência Brasil que orientou os dois a ficarem calados em razão da possibilidade de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rescindir o acordo de delação premiada firmado com o empresário, o que acabou se confirmando depois.
No sábado (9), os dois tiveram a prisão temporária decretada pelo ministro do STF Edson Fachin, que também decidirá, se a prisão temporária, de cinco dias, e cujo prazo termina nesta quinta-feira, será prorrogada.
Janot rescindiu o acordo de delação premiada que dava imunidade para os dois em troca de informações e incluiu Joesley e Saud na denúncia apresentada no final da tarde contra o presidente Michel Temer pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.
"Ao que tudo indica, o [Rodrigo] Janot estava insatisfeito por dar imunidade a eles, foi muito criticado por isso e, sem nenhum fundamento jurídico, alegando que ele teria faltado integralmente com a verdade em um depoimento; sem dar chance de esclarecimento, porque ainda estava no prazo da entrega de documentos, resolveu pedir a rescisão e a prisão dele", disse Kakay.
A PGR acusou Temer de instigar Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro. Os três foram denunciados por embaraçar as investigações de infrações praticadas pela organização criminosa.
A peça acusatória é baseada no acordo de colaboração premiada firmado por Funaro com a Procuradoria-Geral da República, que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal, e as informações prestadas constam da denúncia.