O ministro da Fazenda, Joaquim Levy (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2015 às 20h40.
Brasília - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não pediu demissão do posto e não escreveu carta neste sentido, afirmou a assessoria de imprensa do Ministério nesta sexta-feira, após relatos na mídia de que Levy iria entregar o cargo em meio à insatisfação com a falta de apoio para a condução do ajuste fiscal.
Durante a tarde, Levy participou de reunião da Junta Orçamentária do governo no Palácio da Alvorada, com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e do Planejamento, Nelson Barbosa.
Mais cedo, a coluna Radar, da revista Veja, publicou em seu site que Levy teria preparado uma carta de demissão para apresentá-la nesta sexta-feira à presidente Dilma Rousseff, diante da insistência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fritá-lo e da falta de empenho do governo em aprovar a CPMF.
Após a reunião, a mesma coluna trouxe que Levy não teria entregue a carta. Falando a jornalistas no comitê de imprensa da Fazenda, a assessoria da pasta informou no início da noite que Levy "continua trabalhando e se esforçando pelo futuro do país".
Questionado por jornalistas ao sair do prédio da Fazenda, Levy não comentou o assunto. Nesta semana, o ministro fez uma defesa contundente da necessidade de um Orçamento robusto para 2016, completando que a não aprovação da CPMF poderia implicar corte de benefícios sociais como o seguro desemprego diante da fraqueza econômica e queda na arrecadação. Segundo uma fonte do governo, que pediu anonimato, Levy está bastante irritado com as críticas de Lula e do PT de que sua política econômica é muito ortodoxa e focada na questão fiscal, sem um discurso mais positivo.
"Ele (Levy) está contrariado com as declarações do presidente Lula, mas não falou em pedir demissão", afirmou a fonte do governo, que disse ter conversado com o ministro nesta sexta-feira.
Na véspera, o relator da proposta de Orçamento para 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse que não irá incluir a previsão de arrecadação da CPMF em seu texto por considerar sua aprovação incerta.
A volta da contribuição sobre movimentações financeiras é o principal pilar de um novo pacote de medidas fiscais anunciado pelo governo em setembro para reafirmar seu compromisso com um superávit equivalente a 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, após enviar ao Congresso uma proposta prevendo inédito déficit nas contas públicas - movimento que custou ao país a perda do grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's.
Nos moldes previstos pelo Executivo, a CPMF garantiria 32 bilhões de reais aos cofres da União em 2016.
Texto atualizado às 20h40