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João de Deus já foi acusado de tráfico de drogas e tortura, diz Veja

Acusado de abuso sexual de mais de 500 mulheres, médium também já foi denunciado por outros crimes

João de Deus: médium está preso desde 16 de dezembro (Cesar Itiberê/Fotos Públicas)

João de Deus: médium está preso desde 16 de dezembro (Cesar Itiberê/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 10h53.

Última atualização em 21 de dezembro de 2018 às 10h54.

São Paulo — O médium João de Deus, preso no último domingo (16), já foi acusado de outros crimes, como tráfico de drogas e tortura, segundo documentos que obtidos pela revista Veja, em Goiás.

Em 1985, de acordo com a reportagem, João de Deus foi preso ao transportar uma carga de minério que seria contrabandeada para o exterior. Confessou o crime à Polícia Federal e  afirmou que, caso o roubo tivesse sido bem-sucedido, ele teria recebido o equivalente a 3,5 milhões de reais.

Onze anos depois, revela a Veja, ele foi alvo de investigações ainda mais pesadas. Em 1996, três homens foram detidos e acusados de portar drogas, arrumar confusão com um segurança e furtar a bolsa de uma mulher que buscava atendimento na Casa Dom Inácio de Loyola.

No processo acessado pela reportagem, a polícia concluiu o inquérito e enviou o relatório à Justiça, que condenou apenas um dos suspeitos por furto. O caso, porém, voltou-se contra o médium, já que o juiz do caso detectou falhas de procedimento e concluiu que as acusações eram “manobras policiais coordenadas por João de Deus”.

Os três acusados contaram que, em janeiro de 1996, foram levados à delegacia e forçados a confessar o porte de maconha, depois de ser submetidos a sessões de tortura e ameaças de morte — tudo sob o comando de João de Deus, que eles chamavam de “João Curador”.

Segundo os depoimentos destes homens, João de Deus agia como uma espécie de delegado durante as sessões de tortura, interrogava-os e orientava os espancamentos. Um dos três acusados afirmou que João de Deus traficava cocaína com ele e que trabalharam juntos por mais de seis anos.

Na época, Alderico Rocha dos Santos, o juiz do caso, pediu ao Ministério Público a instauração de um inquérito. Depois de oito anos, o caso foi encerrado porque os crimes prescreveram. Um registro do ministério afirma que "poucas diligências foram realizadas com o fito de apurar, de forma efetiva e escorreita, os crimes narrados".

Denúncias

No começo deste mês, o Programa do Bial, da TV Globo, denunciou que dez mulheres haviam sido vítimas dos abusos sexuais de João de Deus. Após a revelação, outras também revelaram as práticas criminosas cometidas pelo médium.

Até agora, 500 mulheres já narraram às autoridades o que acontecia durante as sessões espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, no interior de Goiás.

Na semana passada, sua prisão preventiva foi decretada. O pedido foi realizado após confirmação de que o médium movimentou 35 milhões de reais de suas contas bancárias.

Segundo investigações, o dinheiro poderia ser usado para uma eventual fuga ou ainda o pagamento de eventuais indenizações às vítimas.

Nesta quinta-feira (20), a Polícia Civil indiciou João de Deus pelo crime de violação sexual mediante fraude. O inquérito se refere à denúncia específica de uma mulher de 39 anos. De acordo com a vítima, o crime ocorreu em outubro deste ano.

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