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JBS distribuiu propina a quase 2 mil candidatos de 28 partidos

Joesley Batista também afirmou que a maioria das doações feitas pela empresa tratava-se de propina disfarçada por contrapartidas recebidas

JBS: o delator não deixa claro quais pagamentos foram feitos via caixa 2 e quais foram doações oficiais (REUTERS/Ueslei Marcelino/Reuters)

JBS: o delator não deixa claro quais pagamentos foram feitos via caixa 2 e quais foram doações oficiais (REUTERS/Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de maio de 2017 às 16h35.

Última atualização em 19 de maio de 2017 às 20h04.

Brasília - O diretor da JBS Ricardo Saud contou em sua delação premiada que a empresa distribuiu propinas por atacado no meio político brasileiro, detalhando os nomes de centenas beneficiários.

Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR), ele revelou que 1.829 candidatos, de 28 partidos das mais variadas colorações, receberam dinheiro do grupo controlado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.

As doações ilícitas foram de quase R$ 600 milhões.

O grosso dos recursos, segundo ao delator, foi destinado aos candidatos em troca de contrapartidas no setor público.

"Tirando esses R$ 10, R$ 15 milhões aqui, o resto tudo é propina. Tudo tem ato de ofício, tudo tem promessa, tudo tem alguma coisa", relatou.

Saud disse que o "estudo" foi feito por sua própria iniciativa.

Em vídeo do depoimento, divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele entrega aos investigadores uma pilha de papéis com a relação de subornados, agora potenciais alvos de novos inquéritos de corrupção.

Os números têm a escala da chamada "delação do fim do mundo", recém-acordada por 78 executivos da Odebrecht.

"Eleitos foram 179 deputados estaduais, de 23 Estados; 167 deputados federais, de 19 partidos.

Demos propina para 28 senadores da República, sendo que alguns disputaram e perderam eleição para governador e alguns disputaram reeleição ou eleição para o Senado.

E demos propina para 16 governadores eleitos, sendo quatro do PMDB, quatro do PSDB, três do PT, dois do PSB, um do PP, um do PSD", contou.

O diretor disse achar que, no futuro, o seu "estudo" vai servir.

"Aqui estão todas as pessoas que receberam propina diretamente ou indiretamente da gente", entregou, concluindo com uma explicação sobre o esquema:

"Se ele (o político) recebeu esse dinheiro, sabe, de um jeito ou de outro, (que) foi de propina. Essas pessoas estão cientes disso".

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