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Jaques Wagner diz que deveria ter recusado relógio da Odebrecht

O ex-ministro disse que o presente dado em 2012 foi aceito em razão da amizade de longa data que ele tinha com Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht

Jaques Wagner: "se ele deu achando que ia me comprar, eu até reconheço que não deveria ter recebido", disse (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Jaques Wagner: "se ele deu achando que ia me comprar, eu até reconheço que não deveria ter recebido", disse (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2017 às 17h01.

Brasília - O ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) afirmou nesta segunda-feira, 24, que deveria ter devolvido o relógio de US$ 20 mil que ganhou da empreiteira de Marcelo Odebrecht em seu aniversário, para evitar qualquer tipo indicação de que poderia favorecer a empreiteira em contratos com o governo baiano.

Segundo Wagner, o presente dado em 2012 foi aceito em razão da "amizade de longa data" que ele tinha com Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht e delator da Operação Lava Jato.

"O cara era meu amigo, eu o conheço desde o pai dele (Claudio Melo). É um gostador de relógio, como eu sou. Me deu o relógio", disse Wagner, que participa nesta segunda-feira, em Brasília, do seminário "Estratégias para a Economia Brasileira - Desenvolvimento, soberania e inclusão", promovido pelas lideranças do PT na Câmara e no Senado e pela Fundação Perseu Abramo. "Se ele deu achando que ia me comprar, eu até reconheço que não deveria ter recebido", completou.

A informação sobre o presente foi repassada aos investigadores por Claudio Melo Filho. O relógio Hublot, modelo Oscar Niemeyer, detalhou o delator, traz a imagem do Congresso Nacional ao fundo.

Em outros aniversários, disse Melo Filho, também foi enviado a Jaques Wagner um relógio da marca Corum, modelo Admirals Cup.

"Recebi como um de amigo rico que está me dando um presente", afirmou o ex-ministro. "Se ele achava que, por conta disso, ia colher alguma coisa dentro do governo, é só ele dizer o que ele colheu dentro do governo por conta do presente."

Principal contato de Jaques Wagner com a Odebrecht, Cláudio Filho afirmou que, em 2006, 2010 e 2014, a empresa deu R$ 25 milhões em doações eleitorais, via oficial e por caixa 2, para as campanhas do petista e para a campanha do governador da Bahia, Rui Costa (PT), em 2014. Os pagamentos tinham o aval de Marcelo Odebrecht. Ambos negam as irregularidades.

"Eu estou absolutamente tranquilo. No caso da Odebrecht, minha relação sempre foi muito ruim. Meu primeiro ato de governo foi cancelar um contrato que eles tinham feito com o governo anterior, do DEM", disse Wagner. "Só quero que a Odebrecht aponte qual é a obra superfaturada que ele teve dentro do governo baiano."

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