Bolsonaro: em entrevista nesta terça-feira, 7, o presidente anunciou que contraiu a doença e que já está em tratamento (YouTube/Reprodução)
Clara Cerioni
Publicado em 7 de julho de 2020 às 12h14.
Última atualização em 7 de julho de 2020 às 20h04.
O presidente Jair Bolsonaro informou em entrevista nesta terça-feira, 7, que testou positivo para o novo coronavírus. O presidente fez o exame após apresentar sintomas da covid-19, como febre de 38ºC, cansaço e dor muscular. Ele disse que começou a sentir fadiga no último domingo, 5, foi para o Hospital das Forças Armadas em Brasília e realizou o teste.
Bolsonaro tem histórico de minimizar o impacto da doença, que oficialmente já contaminou ao menos 1,6 milhão de brasileiros e matou mais de 65 mil. Em diversas ocasiões, ele apareceu publicamente sem máscara e desrespeitando as recomendações de distanciamento social.
Ele informou que está se tratando com um coquetel de cloroquina e azitromicina, indicado pela equipe médica. Até hoje, não existe comprovação científica da eficácia desses remédios contra o novo coronavírus. "Estou tomando as doses e confesso que estou perfeitamente bem", afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro disse também que não pretende ficar em repouso e que vai continuar despachando do Planalto, mas as reuniões que seriam presenciais serão virtuais. Ele desmarcou, ainda, a viagem que tinha para a Bahia na próxima sexta-feira.
Questionado sobre a saúde da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o presidente informou que ela realizou o teste para a covid-19, mas o resultado ainda não saiu. "Ela é a primeira suspeita, afinal de contas está comigo grande parte do dia".
Durante a entrevista, o presidente voltou a defender o uso da cloroquina preventiva e disse que "estaria muito bem" se tivesse começado a tomar antes de contrair a doença.
Um novo estudo divulgado nesta semana mostrou, no entanto, que essa medicação não previne a covid-19. A análise, que contou com quase 55.000 pacientes, “não sugere que o uso de antimaláricos sintéticos (APS) a longo prazo tenha um papel preventivo quanto ao risco de hospitalização, intubação ou morte relacionada com a covid-19”, afirmam os autores.
Apesar de já apresentar sintomas, Bolsonaro se reuniu com seis ministros nesta segunda-feira, 6. Ele teve reuniões com Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Levi Mello (Advocacia-Geral da União).
Não houve, no entanto, nenhuma orientação para que as pessoas próximas realizassem também o exame da covid-19. "Não [houve recomendação]. Cada um sabe das suas condições físicas", disse o presidente.
No fim da entrevista, ele orientou que a população tenha cuidado com "seus entes queridos idosos", mas reforçou que "a vida continua". "Grande parte está preocupada com o fim da sua atividade laborial (sic), caso o contrário a economia pode se colocar em uma situação complexa".
Essa não é a primeira vez que o presidente faz testes para detectar a covid-19 Ele já se submeteu a três exames em março, após voltar de viagem oficial aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Donald Trump. Pelo menos 23 pessoas da comitiva brasileira foram diagnosticadas com a doença.
Na ocasião, Bolsonaro anunciou que os resultados foram negativo, mas se recusou a mostrar os exames. Os documentos foram divulgados depois de o Estadão entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), para obrigar que informação fosse divulgada para a sociedade brasileira em nome do interesse público em torno da saúde do presidente.