Presidente Jair Bolsonaro. (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Alessandra Azevedo
Publicado em 30 de novembro de 2021 às 12h03.
Após dois anos sem partido, o presidente Jair Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL) na manhã desta terça-feira, 30, em evento em Brasília. A cerimônia de filiação contou com a presença do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, além de ministros do governo, deputados e senadores.
Antes do discurso, Bolsonaro pediu que o pastor Marco Feliciano fizesse uma oração. Enquanto isso, do lado de fora do complexo onde a filiação foi oficializada, na área central de Brasília, havia carro de som e vários cartazes e faixas do PL dando as boas vindas ao presidente.
No discurso, Bolsonaro fez acenos ao Centrão e afirmou que a filiação é “como um casamento”. Segundo o presidente, ele e o PL serão “uma família” e todos os presentes na cerimônia farão parte dessa união. "Ninguém faz nada sozinho, tudo pode acontecer. O futuro a Deus pertence", disse.
"Não estamos lançando ninguém a cargo nenhum. É um evento simples, mas de muita importância", declarou Bolsonaro. Ele afirmou que a decisão de filiar-se ao PL “não foi fácil”, diante de propostas de outras legendas. "Eu vim do PP. E confesso, prezado Valdemar, a decisão não foi fácil. Até mesmo o Marcos Pereira (líder do Republicanos), conversei muito com ele e com outros parlamentares", lembrou.
Ao lado de parlamentares que participaram do evento, o presidente lembrou os tempos de deputado. “Estou me sentindo em casa, dentro do Congresso Nacional, no plenário da Câmara dos Deputados. Vocês me trazem lembranças agradáveis. Eu vim do meio de vocês”, disse.
“É motivo de orgulho e satisfação estar aqui, e nenhum partido será esquecido por nós. Não temos a virtude de ser o único centro. Queremos compor nos estados, queremos compor para senador e governador. Queremos é cada vez mais termos menos diferenças entre nós”, continuou o presidente.
Bolsonaro também comentou a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). A sabatina na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado foi marcada para esta quarta-feira, 1º. “Espero que seja aprovado o nome dele. Sabemos que existe um embate ideológico, mas o André conversou com todos os senadores”, disse.
Bolsonaro estava sem partido desde 2019, quando deixou o PSL, pelo qual foi eleito em 2018. O presidente conversou com várias legendas antes de fechar com o PL e tentou criar uma própria, Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu reunir as assinaturas necessárias. O PL é a nona sigla à qual Bolsonaro se filiou ao longo da vida política.
A filiação ao PL chegou a ser marcada para o último dia 22, mas foi adiada por desentendimentos em relação à composição de palanques estaduais nas eleições de 2022. Bolsonaro deixou claro que não aceitaria que o partido apoiasse a candidatura do atual vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao governo do estado.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente, também se filiou ao partido nesta terça-feira, na mesma cerimônia. O parlamentar agradeceu Bolsonaro, de quem disse ser um “eterno aluno e aprendiz”, e Costa Neto por “abrir as portas do PL” para eles.
“É fundamental esse passo, que gostaríamos de ter dado há mais tempo. Dá muita força, musculatura, seriedade e profissionalismo para uma possível campanha no ano que vem”, afirmou Flávio. Ele também agradeceu os parlamentares presentes. “Obrigado por não terem traído o presidente Bolsonaro”, disse.
Durante o discurso, Flávio comparou o governo Bolsonaro com os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff. “Querem nos fazer crer que um ex-presidiário está na frente de Bolsonaro nas pesquisas mesmo com o excepcional trabalho que (Bolsonaro) vem fazendo. O golpe está aí, cai quem quer”, disse.
No mesmo evento, o ministro Rogério Marinho também se filiou ao PL. Outros nomes que podem passar a integrar a sigla não confirmaram a filiação, como o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que Bolsonaro quer que concorra ao governo do estado de São Paulo. Ao chegar no evento, Tarcísio disse apenas que hoje não se filiará ao partido.
No discurso de filiação, Bolsonaro elogiou o trabalho de Tarcísio e disse que o ministro é “uma esperança enorme para nosso querido estado de São Paulo”. O presidente também mencionou outros aliados, como João Roma, ministro da Cidadania, que pode disputar o governo da Bahia em 2022.
Participaram da cerimônia, além de João Roma, Rogério Marinho e Tarcísio de Freitas, os ministros Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo), Tereza Cristina (Agricultura), Milton Ribeiro (Educação), Marcelo Queiroga (Saúde), Fábio Farias (Comunicações), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); os governadores de Roraima, Antonio Denarium (PP), e do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL); e o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP) também estiveram presentes.