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Itaú Cultural devolve quatro obras roubadas à Biblioteca Nacional

Em abril deste ano, as duas instituições assinaram um convênio de devolução, sob a suspeita de que parte do acervo do Itaú era roubado

Biblioteca Nacional: os três desenhos foram identificados facilmente porque são obras únicas (Fundação Biblioteca Nacional/Facebook/Divulgação)

Biblioteca Nacional: os três desenhos foram identificados facilmente porque são obras únicas (Fundação Biblioteca Nacional/Facebook/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 17h08.

Última atualização em 4 de dezembro de 2018 às 17h10.

Quatro obras de arte que haviam sido roubadas em 2004 da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, foram devolvidas ao acervo nesta segunda-feira (3).

As peças, três desenhos de Franz Keller-Leuzinger e uma litogravura de Buvelot&Moreau, estavam na coleção Itaú Cultural e foram identificadas, através de perícia, como pertencentes à biblioteca.

Em abril deste ano, a Biblioteca Nacional e Itaú Cultural assinaram um convênio de devolução, sob a suspeita de que parte do acervo comprado pelo Itaú de um colecionador era, na verdade, roubada.

Com o acordo, 102 obras que estavam na coleção do banco foram submetidas à perícia. Desse total, algumas receberam laudo inconclusivo, pois foram manipuladas, lavadas ou recoloridas e apenas 32 foram identificadas como não pertencentes à Biblioteca Nacional. As obras devolvidas nesta segunda faziam parte, atualmente, da Coleção Brasiliana Itaú.

Segundo a Biblioteca Nacional, os três desenhos de Keller-Leuzinger (intitulados "Cena de pesca após tempestade", "Manaus" e "Rio Moju") foram identificados facilmente porque são obras únicas. Além disso, a instituição possui farta documentação sobre a aquisição deles.

Já a litogravura de Buvelot&Moreau foi modificada. Segundo os peritos, a imagem era monocromática, mas foi raspada e colorida há poucos anos com lápis de cor, ferramenta que não se usava no século XIX.

Ainda assim, a peça foi reconhecida porque os técnicos conseguiram identificar, com uma luz especial, o número do cofre onde ela ficou guardada na biblioteca.

Ladrão confesso

As obras de arte roubadas foram localizadas por meio de cartas escritas no início do ano passado por Laérssio Oliveira, que confessou ter furtado as peças. Na ocasião, ele revelou que as gravuras do alemão Emil Bausch tinham sido roubadas por ele da biblioteca e vendidas ao colecionador Ruy Souza e Silva, que, por sua vez, foram vendidas ao Itaú.

Diante da declaração, a instituição mandou as obras para a perícia na Biblioteca Nacional, que confirmou serem de seu acervo, e elas foram devolvidas. Em seguida, o acordo entre as duas instituições foi firmado para avaliar se mais peças desaparecidas da biblioteca também estavam no Itaú Cultural.

Segundo a Biblioteca Nacional, a instituição sofreu com dois grandes roubos em 2004 e 2005, sob a presidência de Pedro Correa do Lago, que também é o curador da coleção Itaú.

A Polícia Federal investiga o caso e deve ouvir na próxima semana Pedro Correa do Lago e o colecionador Ruy Souza e Silva. Laéssio e a direção do Itaú Cultural já deram seus depoimentos.

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