Estado Islâmico: "não temos até o momento nenhuma confirmação de que exista um caso de recrutamento dentro do território brasileiro", disse ministério (Jm Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2015 às 17h36.
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, negou que o Itamaraty tenha informações sobre o recrutamento de brasileiros pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) dentro do território nacional.
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Vieira disse que não recebeu confirmação desses fatos, revelados no último domingo, 22, pelo jornal O Estado de S. Paulo.
"Não temos até o momento nenhuma confirmação de que exista um caso de recrutamento dentro do território brasileiro. O único caso que conhecemos é de um jovem de dupla nacionalidade, belga e brasileira, que vive na Europa e que estaria na Síria. Desconheço e não tivemos nenhuma informação ou evidencia. Tudo até agora são especulações", afirmou o ministro.
Informações obtidas pelo jornal, no entanto, mostram que o setor de contraterrorismo da Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teriam feito relatórios mostrando o início das atividades de recrutamento do EI no Brasil.
A falta de uma lei antiterrorismo no País dificultaria a ação contra o grupo. Depois do surgimento dessas informações, o Congresso decidiu retomar a votação da legislação o mais rapidamente possível.
EUA
Mauro Vieira também afirmou hoje na Comissão das Relações Exteriores que os governos brasileiro e americano esperam avançar na agenda bilateral para marcar a visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos. De acordo com Vieira, uma visita de Estado entre os dois países não deve ser "desperdiçada apenas em atos protocolares" e deve ter uma agenda "densa".
"A presidente já disse que tem todo interesse e que relação é prioritária e será realizada no momento oportuno. Eu estive semana passada em Washington e concordamos que deve ser realizada no momento em que tivermos atingido uma agenda importante e densa, não deve ser desperdiçada apenas por ato protocolares", afirmou. "Há muita coisa em negociação nas chancelarias e em outras áreas. Vamos construir a agenda quando essas negociações estiveram avançadas e maduras".
A visita da presidente foi cancelada em setembro de 2013, quando foi revelado que a National Security Agency (NSA) espionava o governo, empresas e cidadãos brasileiros. Desde então, a negociação de uma série de tratados entre os dois países entrou em compasso de espera e foram retomadas apenas no início deste ano. Estão em negociações, por exemplo, o acordo de céus abertos, que permite a ampliação da atuação das áreas dos dois países no território do outro. Também se trabalha na redução da bitributação das empresas americanas e brasileiras e em um acordo de facilitação de normas técnicas de produtos.
O assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, informou que a visita pode ocorrer ainda no segundo semestre deste ano ou no primeiro semestre do ano que vem, mas ainda não há data estabelecida.