Estação República, da Linha 4: Alckmin disse que "não tinha mais jeito" e que banco que financiava as obras já havia sido contatado para rescindir o contrato (Marco Prates / EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 22h54.
São Paulo - O grupo Isolux Corsán, que lidera o consórcio responsável pelas obras da fase 2 e 3 da linha 4 do metrô de São Paulo, preferiu não se manifestar sobre as declarações do governador paulista, Geraldo Alckmin, sobre uma possível rescisão do contrato e relicitação das obras.
Em nota, a empresa informou que comentaria sobre o andamento das obras após reunião marcada para o início da próxima semana com o Secretário dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni.
A empresa indicou porém que mantém o "espírito de encontrar a solução mais adequada" para a continuidade das obras.
Conforme informou O Estado de S. Paulo, as obras em andamento - que incluem a construção de quatro estações, na fase 2 (São Paulo-Morumbi, Oscar Freire e Higienópolis-Mackenzie, além da Fradique Coutinho, já entregue) e também a estação Vila Sônia, com um túnel e um terminal de ônibus, na fase 3 - estão praticamente paradas.
O governo já teria dado um prazo final para a retomada das atividades, após ter aplicado multas e advertências.
Nesta quinta-feira, Alckmin disse que "não tinha mais jeito" e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), braço do Banco Mundial que financiava as obras, já havia sido contatado para rescindir o contrato.
Segundo ele, o próximo passo seria contatar o segundo colocado para assumir as obras ou então realizar uma nova licitação.
Já o secretário Pelissioni informou ainda que haveria uma última reunião de conciliação na semana que vem. "Estamos com todo o diálogo com a empresa para retomar a obra, mas achamos que não vai ser possível", disse.
A empresa alega que o atraso na entrega e definição de projetos executivos teria acarretado desequilíbrio econômico-financeiro do contrato e seria o principal responsável pelo atraso do cronograma.
O consórcio assumiu as obras em 2012 e a previsão inicial era de que as estações seriam entregues em 2014. Agora, a estimativa do governo é de entrega a partir de 2016.
Num embate que vem se arrastando desde o final do ano passado, Alckmin já havia dito que o consórcio Isolux-Corsán-Corviam estaria "com dificuldade" e não estaria "conseguindo tocar a obra".
Na nota, o grupo rebate referências a potenciais problemas financeiros e diz ser "um dos maiores e mais tradicionais grupos europeus na área de infraestrutura, com obras importantes executadas e/ou gerenciadas em diversos países nos cinco continentes".
"Aqui no Brasil atua há mais de dez anos e não deixou de cumprir nenhum dos contratos que assumiu, incluindo obras complexas e de elevado investimento como, por exemplo, a linha de transmissão de Tucuruí para Manaus e Macapá, mais de 3 mil km em plena floresta amazônica", acrescentou.
No total, a Isolux opera cerca de 3,8 mil quilômetros de linhas de transmissão e subestações associadas no País. Também possui 70% da Via Bahia, concessionária de rodovias federais que opera trechos da BR-116 e da BR-324 na Bahia, somando 680 quilômetros.
Em 2013, o grupo espanhol registrou receita de aproximadamente 3 bilhões de euros em 2013 e Ebitda de 569 milhões de euros e, ao final de setembro de 2014, tinha uma carteira (backlog) de 44,5 bilhões de euros, incluindo contratos de obras em andamento, mais o valor estimado das concessões.
"Capacidade de execução, responsabilidade profissional e solidez financeira são características do Grupo Isolux Córsan. É com tais características e com o espírito de encontrar a solução mais adequada que só se manifestará sobre o andamento das obras da Linha 4 - Amarela do Metrô paulista, obras essas que ganhou em licitação depois que as empreiteiras iniciais foram desligadas, após reunião marcada para o início da próxima semana com o Secretário dos Transportes Metropolitanos", concluiu a empresa, em nota.