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Isolado, Aécio Neves sofre resistência em Minas Gerais

Depois de receber mais de 50 milhões de votos em 2014, Aécio afirma aos aliados que prefere não disputar cargo nenhum a voltar a ser deputado

. (Flickr/Senado/Reprodução)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de março de 2018 às 09h58.

Belo Horizonte - Quase um ano depois de ser gravado pelo empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, pedindo R$ 2 milhões para pagar advogados, e ser denunciado no Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e obstrução da Justiça, o senador tucano Aécio Neves voltou a percorrer Minas Gerais com o objetivo de renovar seu mandato no Senado por mais oito anos.

Seu projeto político, porém, enfrenta problemas de todos os lados. Sofre resistência dos dois principais candidatos de oposição ao governador Fernando Pimentel (PT) - Márcio Lacerda (PSB) e Rodrigo Pacheco (MDB) -, é considerado um problema pela cúpula nacional do PSDB e é visto com ceticismo até por aliados próximos.

Na base, prefeitos do interior historicamente aliados a Aécio hoje temem se engajar em sua campanha. "Ficamos muito angustiados com a situação dele. A questão do senador reflete em todos os membros do PSDB e pode prejudicar o partido", disse ao Estado o prefeito de Cataguazes, William Lobo Almeida (PSDB). Ele conta que apoiará Lacerda na campanha local.

Em conversas reservadas, líderes tucanos mineiros dizem que a postulação ao Senado pode isolar o PSDB no Estado. Interlocutores do governador Geraldo Alckmin concordam e temem que o pré-candidato ao Palácio do Planalto fique sem um palanque competitivo no segundo maior colégio eleitoral do País. O assunto dominou os bastidores de um almoço com empresários, políticos e o governador no dia 5 em Belo Horizonte. Aécio não estava presente.

"Falamos com ele que, se tiver 150 votos em cada cidade, será eleito deputado por telefone sem sair de casa", disse um integrante da direção estadual do PSDB. No fim de evento, jornalistas locais questionaram o presidente do partido em Minas, deputado Domingos Sávio, sobre o dilema. "Essa tentativa de colocar o Aécio como carta fora do baralho parece-me um jogo muito injusto", disse.

A estratégia do grupo de Aécio diante da ameaça de isolamento foi lançar na disputa ao governo estadual o deputado federal Marcus Pestana, que é um dos mais leais correligionários do senador mineiro.

Em 2006, quando Alckmin pensou em chegar ao Planalto, Aécio e seus interesses em Minas foram um entrave. Na época, o xadrez político mineiro cunhou a expressão "Lulécio", uma referência ao suposto jogo duplo ligando o tucano ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, quando Aécio enfrenta seu pior momento na política, seu projeto também pode ser de novo um obstáculo a Alckmin.

Plano B

Apostar em Pestana seria um plano B, já que o senador ainda não desistiu de convencer o colega e ex-governador Antonio Anastasia a disputar o governo. "Anastasia é, sem dúvida, o nome que mais aglutina o nosso campo político. Temos esperança de que, consciente do tamanho de sua responsabilidade, ele será nosso candidato. A expectativa é grande entre todos nós", disse Aécio ao Estado. O senador conversou recentemente com Alckmin sobre o assunto e ambos ainda acreditam que Anastasia pode aceitar a missão.

Anastasia, entretanto, tem negado de forma enfática disputar novamente o cargo e, segundo aliados, tem demonstrado desconforto com a pressão. Enquanto aguarda a decisão de Anastasia, Aécio faz sua parte. Ele já promoveu quatro encontros que reuniram 140 prefeitos.

O tucano leva na bagagem números de uma pesquisa que o colocaria em primeiro ou segundo lugar ao Senado. A quem lhe pergunta, nega que esteja sendo pressionado a disputar uma vaga de deputado na Câmara. Essa hipótese, aliás, é rejeitada.

Depois de receber mais de 50 milhões de votos em 2014, Aécio afirma aos aliados que prefere não disputar cargo nenhum a voltar a ser deputado. Alega que "não precisa" ser candidato e que não é o foro privilegiado que o move. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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