Ernesto Araújo: para chanceler, isenção de visto depende apenas da conclusão de estudos que são necessários (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 13h55.
Nova Délhi- O chanceler Ernesto Araújo disse neste domingo que a isenção de vistos de entrada para cidadãos chineses no Brasil é fato consumado. Em conversa com O GLOBO neste domingo em Nova Délhi, onde integra a comitiva do presidente, Araújo indicou que a decisão está tomada e que sua implementação depende apenas da conclusão de estudos que são necessários para uma medida desta natureza.
Araújo não quis dar um prazo para que a isenção entre em vigor, mas deu a entender que o processo está em andamento e que sua conclusão não deve demorar. Ele acrescentou que há estudos para a isenção também para indianos, mas que “são processos separados”.
Embora anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro durante sua visita a Pequim, em outubro, a decisão de isentar os chineses do visto em viagens de negócios e turismo encontrou resistência em setores do governo. No sábado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), também havia dito que a medida está em estudo, mesmo estágio da possível isenção para os indianos.
- A China também tem muito interesse, então os dois estão sendo trabalhados ao mesmo tempo. Está sendo feito um estudo mais detalhado pelo Itamaraty, mas a expectativa é que saia. Os dois estão em estudo, mas o Brasil disse que sim, que está em vias de colocar isso adiante. Só não se dá um prazo - disse o deputado em Nova Délhi, onde está como parte da comitiva do presidente na visita de Estado à Índia.
O anúncio feito pelo presidente em Pequim surpreendeu as próprias autoridades chinesas e também muitos diplomatas brasileiros, que temem problemas de segurança caso a exigência de visto seja eliminada. Segundo o deputado, tanto para a China como para a Índia, a ideia é que a isenção do visto seja adotada sem a exigência de que haja reciprocidade dos respectivos países para os cidadãos brasileiros. Juntas, China e Índia somam mais de 2,8 bilhões de pessoas, cerca de um terço da população mundial.
- A minha visão particular enquanto deputado é a seguinte, nós é que aproveitamos a situação, eles é que vão lá gastar os dólares. A gente só tem que se preocupar com os efeitos e reflexos disso. A gente sabe que dificilmente um indiano, devido a sua própria característica natural, a diferença cultural do Brasil, a questão da língua, dificilmente ele vai entrar no Brasil e depois se tornar ilegal. Mas tudo tem que ser estudado, a questão da reciprocidade, em princípio, não.