Rômulo Dias, da Cielo: 10 meses após a abertura do setor, o balanço é muito positivo (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de maio de 2011 às 22h51.
São Paulo – A decisão do governo federal de dobrar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para as pessoas físicas vai ter impacto negativo no segmento de cartão de crédito, na avaliação do presidente da Cielo, Rômulo Dias.
Em entrevista a EXAME.com durante a cerimônia de entrega do prêmio “Empreendedor do Ano”, da Ernst & Young Terco, na noite desta quinta-feira (7), em São Paulo, o executivo fez uma avaliação da nova medida adotada pelo governo federal com o objetivo de combater a inflação.
“Toda vez que (uma medida) afeta o crédito à pessoa física, isso impacta o nosso negócio de uma forma geral, porque o segmento de cartão de crédito é muito impulsionado pelo crescimento do PIB e, em particular, pelo crédito. Na medida em que o crédito começa a ter, para qualquer que seja o prazo, uma taxa de IOF na faixa de 3%, isso obviamente impacta o custo e, consequentemente, cai a propensão marginal ao uso do crédito”, diz Rômulo.
O presidente da Cielo não revela as metas da empresa para o ano, mas admite que o desempenho pode ser atrapalhado pelo IOF maior. “A gente tem que avaliar para ver o que isso vai provocar. Acho que é cedo ainda para dizer, mas, sem sombra de dúvida, eu diria que existe uma propensão maior de a pessoa física em pensar um pouco mais na hora de se valer de qualquer modalidade de crédito.”
Segundo o executivo, a indústria de meios de pagamento tem previsão de crescimento de 18% a 19% neste ano “porque ainda tem muito efeito de substituição de cheque e dinheiro por cartão”.
Embora a medida seja ruim para o mercado, Rômulo Dias reconhece o esforço do governo em tentar controlar a inflação por meio de vários caminhos. “Sem sombra de dúvida, se valer de um arsenal de medidas, mesclando política monetária com medidas macroprudencias, é importante para que a inflação volte ao centro da meta.”
Quase 10 meses após a abertura do setor, o balanço é positivo. “Foi muito salutar para mercado como um todo, pois acelerou a penetração de cartão de crédito nos meios de pagamento. Para a Cielo (ex-VisaNet) foi muito bom porque a gente começou a trabalhar com bandeiras como Mastercad e Amex, e agora vamos começar a capturar a bandeira Elo, que é nacional. Foi por isso que, no ano passado, nós capturamos o equivalente a 7% do PIB, ou seja, R$ 262 bilhões de reais”, diz o executivo.