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Investigações contra João de Deus não param durante feriado

Força-tarefa do Ministério Público de Goiás investiga 596 relatos de mulheres vítimas de crimes sexuais

João de Deus, médium acusado de abuso sexual (Cesar Itiberê/Fotos Públicas)

João de Deus, médium acusado de abuso sexual (Cesar Itiberê/Fotos Públicas)

AB

Agência Brasil

Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 08h21.

A força-tarefa do Ministério Público (MP) de Goiás, que investiga as denúncias de crimes sexuais envolvendo o médium João Teixeira de Farias, o João de Deus, de 76 anos, não vai parar neste feriado de Natal nem de Ano Novo. O grupo recebeu 596 relatos de mulheres que se dizem vítimas, das quais 75 já foram ouvidas em Goiás e em outros estados.

Das 255 pessoas identificadas, 23 tinham entre 9 e 14 anos na ocasião dos fatos, 28 entre 15 e 18 anos, e 70 com idade de 19 a 67 anos, segundo os promotores que atuam na força tarefa. Eles citam pelo menos três casos, cujos crimes envolvem estupro, violência sexual mediante fraude e estupro de vulnerável.

Para os promotores, o médium se valia da fé dos freqüentadores, do respeito que tinham por ele e da fragilidade das pessoas, muitas vezes, com graves doenças, para tirar proveito da situação.

João de Deus está preso preventivamente desde o dia 16, no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, a 18 quilômetros da capital. A defesa já recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de reverter a detenção para prisão domiciliar com tornozeleira.

Interdição

A Superintendência de Saúde em Vigilância de Goiás (Suvisa) fechou o laboratório que funcionava na farmácia da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. Segundo os técnicos, no local eram fabricados medicamentos em escala industrial, sem autorização.

De acordo com informações da força-tarefa, a interdição também menciona questões de manipulação contrárias às normas sanitárias e más condições de acondicionamento de instrumento cirúrgico. Houve autuação administrativa, cujo teor será analisado pelos promotores para as devidas responsabilizações.

A imprensa de Goiás informa sobre a existência de nove inquéritos já instaurados contra João de Deus, dos 16 casos denunciados à Polícia Civil até momento. Em um deles, já concluído, o médium foi indiciado por violação sexual mediante fraude.

O delegado-geral que acompanha o caso, André Fernandes, destacou que um grupo trabalha especificamente para analisar as armas localizadas em uma das residências do médium. Também há avaliação das pedras preciosas e do dinheiro encontrado, inclusive em moeda estrangeira.

Busca e apreensão

Há três dias, houve nova busca na casa de atendimento do médium, em Abadiânia, para complementação do levantamento estrutural do empreendimento, em operação que envolveu a Polícia Civil e a Superintendência de Vigilância Sanitária.

A promotora de Justiça Gabriella de Queiroz disse que foram apreendidos novos materiais, cuja especificação será detalhada pela Polícia Civil ao término dos trabalhos.

A força-tarefa do MP foi instituída pelo procurador-geral de Justiça no dia 10 de dezembro e ampliada, tendo agora como integrantes os coordenadores dos centros de Apoio Operacional Criminal e de Direitos Humanos, Luciano Meireles e Patrícia Otoni; o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Thiago Galindo; e os promotores de Justiça Cristiane Marques, Gabriella de Queiroz (membro do Gaeco), Paulo Penna Prado (subcoordenador do Centro de Apoio Operacional - CAO Criminal) e Augusto César Borges.

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