Rubens Ometto, CEO da Cosan, encabeça a lista com R$ 6,6 milhões a cerca de 50 candidatos (Germano Lüders/Exame)
João Pedro Caleiro
Publicado em 27 de setembro de 2018 às 10h51.
Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 11h57.
Doações de empresas para campanhas eleitorais estão proibidas no Brasil, mas empresários e investidores brasileiros estão botando a mão no bolso para bancar candidatos, desde os tradicionais até novos participantes na política.
A menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições, contribuições individuais somaram cerca de R$ 250 milhões, dirigidas a candidatos que disputam cargos como os de deputados estaduais e federais, senadores e governadores.
Essas contribuições também foram feitas diretamente a partidos, que podem distribuir o dinheiro como acharem melhor. Os dados estão disponíveis no site do TSE.
As doações de empresas foram proibidas em 2015, depois que investigações descobriram que grandes quantias estavam sendo oferecidas a campanhas em troca de favores políticos.
Agora os candidatos precisam contar com contribuições individuais e dinheiro público para financiar suas campanhas - com os políticos em exercício obtendo mais acesso a fundos partidários.
O partido Novo, fundado pelo ex-banqueiro e candidato presidencial João Amoedo, aparece muito na lista de beneficiários, mas também o PSDB e o MDB, dois dos partidos mais tradicionais do Brasil.
Os nomes ligados à Renova BR, uma espécie de escola de formação para políticos em potencial, também são uma constante, enquanto os candidatos dos dois partidos que lideram a corrida presidencial - PSL, de Jair Bolsonaro e PT, de Fernando Haddad - são mais difíceis de se encontrar na lista.
Rubens Ometto, CEO da Cosan, gigante do setor agrícola, encabeça a lista de doadores com R$ 6,6 milhões dados a cerca de 50 candidatos.
A bilionária família Rocha, dona da rede de moda fast-fashion Guararapes Confecções, tem vários representantes entre os principais doadores - inclusive Flávio Rocha, que pretendia concorrer às eleições.
Rubens Menin, dono da construtora MRV Engenharia e Participações, doou quase R$ 2,4 milhões.
A família Jereissati, proprietária da rede Iguatemi de shoppings de luxo, também está na lista, assim como o bilionário Abílio Diniz.
Nos círculos financeiros, o principal doador foi Jayme Garfinkel, fundador da Porto Seguro, a maior seguradora de automóveis do Brasil, com R$ 1,2 milhão.
José Carlos Reis de Magalhães Neto, CEO e fundador da Tarpon Investimentos, vem em seguida, com R$ 1 milhão.
Jean Marc Etlin, que lidera as operações latino-americanas da empresa britânica de private equity CVC Capital Partners, doou outros R$ 775.000 para cerca de 20 candidatos; seu irmão Patrice Etlin, sócio-gerente do fundo global de private equity Advent, também contribuiu com R$ 220.000.
Entre os gestores de hedge funds, James Marcos de Oliveira, da Vinland Capital, doou R$ 500.000 para o Novo, enquanto o ex-BC e sócio-fundador da Gavea Investimentos Armínio Fraga doou R$ 410.000.
O ícone dos fundos de hedge Luis Stuhlberger, da Verde Asset Management, desembolsou mais de R$ 210.000.
Ometto disse por e-mail que as doações feitas por ele são uma contribuição individual e estão dentro da lei eleitoral; Diniz disse por e-mail acreditar que há “políticos competentes e sérios em vários partidos”, enquanto a família Rocha disse que está doando para candidatos que representam uma renovação política.
A família Jereissati, Garfinkel, os irmãos Etlin, Oliveira e Fraga não quiseram comentar. Mattar Junior, Magalhães e Stuhlberger não responderam aos pedidos de comentários.
Eduardo Mufarej, que fundou a Tarpon e também criou a Renova BR, disse que doações de indivíduos são “essenciais” para nivelar o campo de jogo. “Se quisermos ter boas pessoas na política, temos que ajudá-las a chegar lá”, disse ele, que doou R$ 435.000 para os candidatos da Renova BR.