Decreto sobre armas de fogo do novo governo facilita a posse do equipamento (Ethan Miller/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 08h58.
Última atualização em 16 de janeiro de 2019 às 10h00.
São Paulo — Em lojas de armas de São Paulo, proprietários relatam aumento de interesse das pessoas pelo equipamento nas últimas semanas, mas não de venda: estavam todas esperando o decreto assinado nesta terça-feira (15), pelo presidente Jair Bolsonaro.
"O cliente quer comprar já com as novas medidas", disse na terça Nilton Oliveira, dono de uma loja no centro da cidade, que não vendeu nenhuma arma no último mês.
Segundo ele, seu estabelecimento atende basicamente dois perfis de clientes: esportistas do clube de tiro e interessados em defender a própria casa.
"O primeiro que perguntam é qual é a documentação necessária. Chegam sabendo que não é tão fácil", diz ele, que não tem armas na loja. "Só vendo sob demanda."
Dona de uma loja de armas há 30 anos, Vera Ratti defende o decreto, mas conta que esperava liberação do porte — a possibilidade de andar armado —, e não só a posse. "Precisamos que protejam nosso direito de ir e vir. É um direito que queremos, de tentar nos defender."
Ela acredita que, por enquanto, não haverá mudanças no mercado. Por ser um bem caro, diz, não é tão simples adquiri-lo. Em sua loja, uma pistola custa em média R$ 7 mil. "Não é como geladeira, que você parcela."
Wallacy Jacomine, dono de loja em Campos de Goytacazes (RJ), prevê alta de 20% nas vendas. "Não será maior porque não é barato. O perfil do interessado também não deve mudar. São empresários, comerciantes."
Cliente de Oliveira, o PM aposentado Joaquim Celestino, de 74 anos, diz ter percebido aumento de interesse de conhecidos e amigos que não são policiais.
"Tenho um conhecido dono de padaria. Depois de ser assaltado muitas vezes, foi obrigado a comprar arma. Falei para ele instalar câmera e chamar a polícia em caso de assalto. Por que fazer besteira e matar, se a polícia dá jeito nisso?", perguntou.