Transpetro: subsidiária informou que abrigou 24 das 60 pessoas que tiveram suas casas interditadas pela Defesa Civil (Germano Lüders/EXAME)
Agência Brasil
Publicado em 27 de outubro de 2016 às 15h23.
Última atualização em 27 de outubro de 2016 às 15h23.
Permanece interditado todo o quarteirão da rua Mirassol D'Oeste, esquina com a rua Flor de Inverno, na Vila Jacuí, conhecida por Vila das Camélias, na região de São Miguel Paulista, no extremo leste da cidade de São Paulo, onde, na tarde de terça-feira (25), foram retiradas 60 pessoas de 20 casas por causa do vazamento de nafta do óleoduto da Petrobras Transporte S.A. (Transpetro), subsidiária da Petrobras responsável pelo transporte e logística da distribuição petrolífera.
O vazamento ocorreu em uma tentativa de furto do produto escoado entre os terminais de Guarulhos e São Caetano do Sul (SP) e a polícia ainda investiga os autores da ação criminosa.
Moradores da vizinhança disseram à Agência Brasil que desde o último domingo (23) vinham sentindo cheiro de um produto químico, mas apenas na última terça-feira foram detectadas as perfurações no óleoduto.
A dona de casa Cleonice da Silva, 35 anos, contou que o odor "era insuportável" e que a mãe e a irmã dela foram para a casa de uma tia porque estavam sentindo dor de cabeça, náuseas e tontura. De acordo com Cleonice e outras moradoras do bairro, o cheiro é tão forte que quase não é possível ficar dentro de casa.
"A gente não está conseguindo ficar dentro de casa porque o cheiro forte está exalando pelos ralos. Me orientaram a cobrir os ralos com um pano molhado, mas não adiantou", explicou a moradora Rosângela Santana Silva.
Ao lado dela, Michele Pontes, de 29 anos, mãe de três crianças com idades entre 4 e 13 anos, disse que tem medo de deixar o imóvel onde mora enquanto é feito o trabalho de contenção da nafta, porque a região tem muitos moradores de rua e teme que sua casa seja invadida.
Já Maria Eudice, de 35 anos, relatou que teve de procurar um pronto-socorro porque sua pressão subiu. Ela contou que as casas no entorno ficaram sem energia elétrica até a noite de ontem (26).
Crime
A Transpetro informou que abrigou 24 das 60 pessoas que tiveram suas casas interditadas pela Defesa Civil em hotéis da região. Ainda não há um prazo para a liberação dos imóveis. Bem na esquina da rua evacuada fica um terreno ao lado de um galpão industrial e foi por meio deste imóvel que os criminosos escavaram um túnel para ter acesso ao óleoduto.
A empresa conseguiu recuperar 136 mil litros de nafta, mas uma quantidade ainda não calculada penetrou no solo e avançou para um córrego existente a menos de cem metros.
Além de técnicos da Transpetro, atuam no local equipes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e da Defesa Civil Municipal.
O engenheiro Anderson Pioli, da Cetesb, informou que para corrigir os danos foram feitas perfurações no solo para atingir o lençol freático e assim bombear o produto. Como a nafta não se mistura na água, ela fica na superfície e é a primeira camada líquida encontrada. Também está sendo feita a aeração do córrego em um trabalho mecânico semelhante ao exaustor para ajudar na evaporação do resíduo químico.
Nafta
Derivada do petróleo, a nafta é utilizada como matéria-prima na fabricação de solventes, entre outros finalidades na indústria. Ao ser inalada, ela atua como depressor do sistema nervoso e causar irritações nas vias aéreas, náuseas, dor de cabeça e tontura entre outros sintomas. No local ainda há forte cheiro do produto.
Questionado se ainda havia algum risco de um incêndio ou explosão, Pioli respondeu que "são necessários três elementos para isso: o produto inflamável, o oxigênio e a ignição" e sob o solo não existem essas condições.
Ele não soube prever um prazo para o término dos trabalhos e nem quando a Defesa Civil poderá liberar o retorno dos moradores às suas casas.