Brasil

Instituto é afastado da construção de hospitais de campanha no Rio

Atraso nas obras é o motivo da rescisão; Fundação Estadual de Saúde assume as obras e a direção dos espaços

 (Alessandro Dahan/Getty Images)

(Alessandro Dahan/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 3 de junho de 2020 às 10h11.

Última atualização em 3 de junho de 2020 às 10h12.

Após quase dois meses de atraso na entrega das obras dos sete hospitais de campanha do Rio — que vão tratar de pacientes infectados e diagnosticados com a Covid-19 — o governo do estado decidiu que o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) não irá mais terminar as obras das unidades que ainda estão em construção. O governador Wilson Witzel (PSC) assinou um decreto, que já foi publicado no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira, afastando a Organização Social do comando dos hospitais móveis. A Fundação Estadual de Saúde vai assumir a gestão dos espaços

A gota d'água para a decisão do governador de suspender o contrato com o Iabas foi a informação de que os respiradores comprados pela OS, na China, na verdade eram carrinhos de anestesia. Além disso, o motivo da decisão do governador foi o atraso para a entrega das obras. A Secretaria estadual de Saúde havia prometido que até o dia 30 de abril todas as unidades estariam em operação. No entanto, só em maio, ou seja, mais de um mês após a promessa, apenas o Hospital de Campanha do Maracanã foi inaugurado.

Após diversos adiamentos e muitas desculpas, os outros seis hospitais não têm data para a abertura. Segundo a Controladoria Geral do Estado (CGE), o órgão vai emitir uma resolução suspendendo todos os repasses ao Iabas.

No decreto do governador desta quarta-feira, as unidades exclusivas para o tratamento do novo vírus serão geridas pela Fundação Estadual de Saúde, que deverá finalizar as obras dos hospitais móveis. Todos os equipamentos e serviços necessários passarão a ser requisitados pela fundação.

Ainda de acordo com o decreto, a Secretaria estadual de Saúde também está autorizada a aplicar sanções e adotar medidas para resguardar e proteger todos os equipamentos comprados pela OS Iabas, inclusive, poderá recorrer à Justiça para bloquear bens e serviços da organização.

A OS comentou apenas sobre a compra dos equipamentos, carrinhos de anestesia no lugar de respiradores. O instituto afirmou, por meio de nota, que "Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro sempre esteve informada. É consenso internacional a utilização de carrinhos de anestesia como ventiladores, principalmente no momento atual, em que sistemas de saúde do mundo inteiro estão em busca desses equipamentos, o que leva à escassez do produto. O IABAS destaca que os carrinhos de anestesia AX400 não são apenas respiradores, são equipamentos complexos e modernos que possuem muitos recursos, além de funcionar como respiradores, e era a opção disponível no momento."

No começo do ano o governo do estado anunciou R$ 1 bilhão para tratamento e combate do novo vírus. Quase 90% do montante, R$ 836 milhões, foi destinado ao Iabas em contratos emergenciais — sem licitação — para a construção e a gestão dos sete hospitais de campanha.

A OS é investigada pela Polícia Federal, e chegou a ser um dos alvos de um inquérito que apura o desvio de dinheiro da saúde, a cargo do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por possíveis fraudes em assinaturas de contratos envolvendo os hospitais de campanha. A Operação Placebo, deflagrada em 26 de maio, cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, um deles na residência oficial do governo do estado. Um dia após a operação, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu todos os pagamentos da Secretaria estadual de Saúde para o Iabas.

Iniciativa privada

Na tarde dessa terça-feira, um encontro no Palácio Guanabara entre representantes do governo do estado, do Iabas e empresários buscou por soluções para o impasse envolvendo as unidades de saúde móveis. A ideia era transferir o restante das obras para as empresas do setor privado de saúde. Após a reunião, os representantes das empresas de saúde pediram sete dias para analisar e definir o formato da entrada na operação. Entretanto, o grupo afirmou que não é possível assumir o comando das unidades antes de 15 dias.

Durante o encontro, o Iabas entregou todos os contratos dos hospitais de campanha. Nesses documentos estão os detalhes das assinaturas dos termos entre a OS e o governo, dos preços contratados e da infraestrutura instalada até agora.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusHospitais públicosRio de JaneiroWilson Witzel

Mais de Brasil

Senado adia votação de texto que tentava 'driblar' proposta do governo de endurecer penas de roubo

Celular Seguro vai mandar mensagens de alerta a celulares roubados mesmo após terem chips trocados

Em resposta às tarifas de Trump, Senado aprova Lei da Reciprocidade Econômica

ProUni 2025: lista de espera é divulgada; saiba como consultar