Doria: o prefeito vinha se mostrando descontente com os resultados da zeladoria (Bruno Covas/Facebook/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de outubro de 2017 às 08h45.
Última atualização em 19 de março de 2018 às 15h57.
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu tirar seu vice, Bruno Covas, do mesmo partido, do comando da Secretaria das Prefeituras Regionais, responsável pela zeladoria da cidade. O setor, bandeira da gestão, tem sido alvo de críticas. Covas será transferido para outra secretaria, com foco na articulação política.
A confirmação da mudança ocorre após desgastes entre o prefeito e o vice, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira, 30. Na semana passada, Doria demitiu o secretário-adjunto das Regionais, Fabio Lepique, ligado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O prefeito vinha se mostrando descontente com os resultados da zeladoria. O anúncio da transferência será feito amanhã, quando Doria retornar de viagem ao Rio.
O atual secretário de Investimento Social, Claudio Carvalho, assumirá as Prefeituras Regionais. Ex-diretor da construtora Cyrela, ele comanda desde junho a pasta responsável por negociar doações da iniciativa privada para a Prefeitura. A atuação de Carvalho tem sido elogiada por Doria.
Para evitar desgastes com o vice, o prefeito vai dividir em duas a Secretaria de Governo, hoje ocupada por Julio Semeghini, que tem sofrido ataques de vereadores da base aliada. Covas e Semeghini vão dividir funções nas duas pastas.
Um vai atuar na articulação entre o Executivo e a Câmara Municipal - essencial para levar à frente, por exemplo, o plano municipal de desestatização. Já o outro assume uma espécie de secretaria da Casa Civil, lidando com os diversos órgãos da Prefeitura e de outras esferas, do Estado e da União. Ainda não está definido quem fica em cada posição.
Com isso, Doria pretende manter as boas relações com o vice até abril, quando termina o prazo para que o prefeito entregue o cargo caso dispute a eleição em 2018 - para o governo paulista ou a Presidência. Dentro do PSDB, Doria e Alckmin travam uma disputa velada pela candidatura ao Planalto.
A mudança de cargo não foi bem aceita por parte dos integrantes da gestão. Ainda hoje ao menos dois nomes importantes da equipe de Covas devem deixar os cargos na secretaria das Prefeituras Regionais.
A equipe de Covas já vinha se queixando da interferência do restante da administração em assuntos da pasta. Não agradou, por exemplo, a decisão de Doria de criar os cargos de "superprefeitos" regionais - gestores que iriam acompanhar também o trabalho dos prefeitos de bairros vizinhos.
A ideia, que não havia sido discutida com Covas, foi vista pelos regionais como sinal de desprestígio, uma vez que agora teriam de se reportar a mais um chefe.
Também causou desconforto a proposta de criar indicadores de desempenho entre os regionais. Essa ideia foi apresentada há uma semana, sem que a pasta das Regionais tivesse sido ouvida.
A equipe de Covas, que fazia um trabalho de elaboração de indicadores usando as reclamações do 156 como critério, foi surpreendida pela outra proposta, elaborada por Claudio Carvalho. A reportagem não conseguiu contato com Bruno Covas ontem à noite para comentar a mudança.
Neste mês, a reportagem mostrou que oito de nove serviços de zeladoria da cidade, como reparos de calçada e a varrição, recuaram entre janeiro e agosto, ante o mesmo período em 2016. Além disso, os contratos de varrição vencem em dezembro e a nova licitação para o setor está travada no Tribunal de Contas do Município (TCM).
Para tentar reverter o quadro, Doria deve não só trocar Covas como anunciar mudanças na execução dos serviços. "Vamos fazer ações conjuntas e coletivas.
Vamos englobar o mutirão Mário Covas, Calçada Nova, Cidade Linda, Bairro Lindo, todos numa única ação, durante todas as próximas semanas", afirmou no domingo, 29, sem detalhar como funcionaria na prática. Ele ainda disse que a cobrança em relação ao trabalho das 32 regionais "vai aumentar".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.