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Indústria brasileira recua 0,1% em fevereiro e acumula cinco meses sem crescimento, aponta IBGE

Frente a fevereiro de 2024, a produção industrial subiu 1,5% em fevereiro. Resultados mensal e anual porém, ficaram abaixo das expectativas de analistas do mercado

De acordo com André Macedo, gerente da PIM Brasil, a perda de dinamismo da indústria "tem relação com a redução dos níveis de confiança das famílias e dos empresários" (VCG/Getty Images)

De acordo com André Macedo, gerente da PIM Brasil, a perda de dinamismo da indústria "tem relação com a redução dos níveis de confiança das famílias e dos empresários" (VCG/Getty Images)

Publicado em 2 de abril de 2025 às 10h09.

Última atualização em 2 de abril de 2025 às 10h17.

A indústria nacional registrou desempenho negativo em fevereiro, com queda de 0,1% na comparação com o mês anterior, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira, 2. O resultado marcou o quinto mês seguido sem crescimento da produção de manufatura, com perda acumulada de 1,3% no período.

O desempenho de fevereiro também ficou abaixo do que projetavam analistas de mercado, que previam um crescimento médio de 0,3%, e eliminou o avanço de 1,0% registrado nos meses de agosto e setembro de 2024.

Diferentemente dos meses anteriores, a produção industrial de fevereiro registrou uma maior disseminação de resultados negativos.

Duas das quatro grandes categorias econômicas e 14 dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram redução na produção, de janeiro para fevereiro. Entre as atividades, a influência negativa mais importante foi assinalada pelo setor de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%), que interrompeu dois meses consecutivos de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 7,1%, de acordo com o IBGE.

O recuo também foi influenciado pela indústria de máquinas e equipamentos (-2,7%), produtos de madeira (-8,6%), de produtos diversos (-5,9%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,7%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,4%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,5%) e de móveis (-2,1%).

De acordo com André Macedo, gerente da PIM Brasil, a perda de dinamismo da indústria "tem relação com a redução dos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, na maioria, pelo aperto na política monetária (com o aumento das taxas de juros a partir de setembro de 2024), a depreciação cambial (pressionando os custos de produção) e a alta da inflação (especialmente a de alimentos, o que impacta na renda disponível das famílias)", afirmou.

Entre as 11 atividades que apontaram avanço e reduziram uma queda maior na indústria, o destaque ficou com a indústria extrativa (2,7%), que eliminou a queda de 2,5% verificada em janeiro. Os Produtos alimentícios também tiveram resultado positivo de 1,7%. Esse é o terceiro mês seguido de crescimento na produção, que acumula expansão de 4%.

Os setores de produtos químicos (2,1%), de celulose, papel e produtos de papel (1,8%), de produtos de borracha e de material plástico (1,2%) e de outros equipamentos de transporte (2,2%) também marcaram as contribuições positivas para a indústria.

Redução de bens de consumo duráveis

Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-3,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,8%) foram os resultados negativos em fevereiro. Os dois grupos eliminaram parte do crescimento registrado no mês anterior de 3,8% e 3,2%, respectivamente.

Por outro lado, os setores produtores de bens de capital (0,8%) e de bens intermediários (0,8%) apontaram os avanços no segundo mês do ano. O desempenho positivo dos bens de capital foi o segundo seguido de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 3,2%.

A variação positiva de bens intermediários também eliminou parte da queda de 1,6% verificada no mês anterior.

Comparação anual mostra crescimento

Apenas do resultado negativo no mês, em relação a fevereiro de 2024, a indústria teve crescimento de 1,5% na sua produção, nono resultado positivo seguido.

Com isso, a produção industrial acumula alta de 1,4% e, em 12 meses, expansão de 2,6%, destaca o IBGE.

Os resultados positivos foram verificados em três das quatro grandes categorias econômicas, 15 dos 25 ramos, 50 dos 80 grupos e 55,0% dos 789 produtos pesquisados. As principais influências positivas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (13,3%), máquinas e equipamentos (11,9%) e produtos químicos (5,0%).

O gerente da PIM Brasil pondera que apesar da nona alta consecutiva e do perfil disseminados de taxas positivas, "claramente há uma redução na magnitude desses avanços".

"Cabe destacar que, no índice deste mês, existe a influência do efeito-calendário, já que fevereiro de 2025 teve um dia útil a mais (20) do que igual mês do ano anterior (19), porém observa-se uma base de comparação mais elevada do que a registrada em meses anteriores, pois o setor industrial cresceu 5,6% em fevereiro de 2024", disse Macedo.

Com esses resultados, a indústria se encontra 1,1% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e 15,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, obtido em maio de 2011.

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