EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2013 às 22h43.
Brasília - Cerca de 400 índios que protestavam contra as mudanças no processo de demarcação de terras cercou o Palácio do Planalto por volta das 17h desta quinta-feira. Os índios dançaram, deram as mãos em volta do Planalto, apresentaram danças de guerra, correram ao redor do palácio, se deitaram no chão e, depois, aos poucos, foram se acomodando ao longo das pilastras e em frente à entrada principal. Grande parte deles com câmeras digitais registravam toda a movimentação e outros relatavam ao celular o que se passava ali. Por volta das 18h30, eles receberam comida e água e em seguida retomaram as danças com seus maracás, anunciando que passarão a noite no Planalto.
Com poucos seguranças na casa, já que a presidente Dilma Rousseff passou a tarde no Palácio da Alvorada e em seguida embarcou para Lima, no Peru, os índios pegaram os servidores desprevenidos e conseguiram não apenas cruzar a rua em frente ao Planalto, mas também atravessar o espelho d'água e se instalaram na entrada principal do Planalto. O grupo deu as mãos e cercou o palácio, chamando pela presidente aos gritos de "Dilma Assassina".
Com armas indígenas como bordunas, lanças de madeira, arco e flecha, os indígenas tentaram subir a rampa, mas foram impedidos. Eles acuaram um soldado do Exército que estava com fuzil na mão fazendo a segurança do Planalto.
Pajelança
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito, deixou seu gabinete e desceu para o térreo do Planalto a fim de acompanhar a movimentação dos índios, mas não se encorajou de atravessar a porta de vidro e ir do lado de fora. Dois militares da segurança que foram ao pátio externo do Planalto para tentar buscar lideranças para conversar com o governo encararam com bom humor o fato de os índios pintarem seus rostos com urucum.
Não houve qualquer tipo de acordo entre governo e índios que prometem não deixar o local enquanto não conseguirem marcar data e hora de uma audiência com a presidente Dilma. O coordenador das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Marcos Apurinã, anunciou "pajelança para ver se ela tem coração e revoga a PEC 215, as portarias 313 e 038 e o Projeto de Lei da Mineração". Ele critica o fato de o Congresso querer passar a demarcar as terras indígenas, atribuição do governo federal. "Não aceitamos e não vamos aceitar mais esse genocídio", desabafou.
Comitê
O secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, tentou conversar com os líderes propondo que uma reunião das lideranças seja realizada nesta sexta-feira, 19, com os ministros da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, responsável pelas negociações com os movimentos sociais, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que apresentem suas reivindicações, tentem negociar e se agende um encontro com a presidente posteriormente.
O Ministério da Justiça distribuiu nota no início da noite informando que Cardozo, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, vão instituir nesta sexta-feira, dia do Índio, o Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas. Anunciaram ainda que receberão cerca de 200 indígenas em ato para o Dia Nacional do Índio.