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Indígenas do Brasil pedem ajuda à OMS para combater covid-19 na Amazônia

Manifesto diz que governo Bolsonaro não incluiu comunidades indígenas nos planos nacionais de combate ao coronavírus e pedem EPIs em reservas e aldeias

Amazônia: Segundo a Apib, número de indígenas brasileiros mortos pelo vírus subiu para 18, mas o governo só registrou oficialmente seis (Andre Coelho/Reuters)

Amazônia: Segundo a Apib, número de indígenas brasileiros mortos pelo vírus subiu para 18, mas o governo só registrou oficialmente seis (Andre Coelho/Reuters)

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Reuters

Publicado em 5 de maio de 2020 às 11h06.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 11h11.

Líderes indígenas do Brasil pediram à Organização Mundial da Saúde (OMS) na segunda-feira (4) a criação de um fundo de emergência para ajudar a proteger suas comunidades da ameaça da pandemia de coronavírus.

Muitos dos 850 mil indígenas do país moram em áreas remotas da Amazônia com acesso limitado ao atendimento de saúde, e grupos indígenas dizem que o governo do presidente Jair Bolsonaro não incluiu suas comunidades nos planos nacionais de combate ao vírus.

Em uma carta ao chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, eles pediram ajuda para obter equipamentos de proteção pessoal indisponíveis para os profissionais de saúde que trabalham em reservas e aldeias.

"É uma verdadeira emergência", disse Joenia Wapichana, a líder do apelo à OMS e a primeira mulher indígena eleita ao Congresso brasileiro, à Reuters.

"Os indígenas estão vulneráveis e não têm proteção."

O número de indígenas brasileiros mortos pelo vírus subiu para 18, disse a organização indígena Apib, mas o governo só registrou oficialmente seis.

Isso porque a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) só relata mortes em aldeias, e não as de membros de tribos que se mudaram para áreas urbanas.

Até domingo se havia confirmado que 107 indígenas da Amazônia estão infectados, 59 deles no extremo norte do rio Amazonas, perto das fronteiras com a Colômbia e o Peru, disse a Apib.

A Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) se queixou da falta de exames e da ausência de assistência do Sesai para pessoas que vivem fora das aldeias tradicionais em cidades como Manaus, onde os casos de vírus estão sobrecarregando os hospitais.

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que proteger os povos indígenas é uma prioridade. A Fundação Nacional do Índio (Funai) proibiu missionários cristãos de evangelizarem tribos isoladas durante a epidemia para evitar o contágio.

O apelo dos grupos indígenas veio um dia depois de uma carta aberta enviada por dezenas de artistas, músicos e atores internacionais a Bolsonaro apelando para que ele proteja os indígenas do Brasil.

Entre os signatários estão os artistas Ai Weiwei e David Hockney, os músicos Sting e Paul McCartney, os atores Glenn Close e Sylvester Stallone e a apresentadora e atriz Oprah Winfrey.

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