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Indicado por Bolsonaro, Temer tem viagem ao Líbano autorizada pela Justiça

Mesmo réu, o ex-presidente Michel Temer vai integrar a missão brasileira que levará auxílio humanitário ao Líbano

Líbano conta mais de 160 mortos, cerca de 6 mil feridos e mais de 300 mil desabrigados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Líbano conta mais de 160 mortos, cerca de 6 mil feridos e mais de 300 mil desabrigados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de agosto de 2020 às 10h47.

Última atualização em 11 de agosto de 2020 às 10h52.

O presidente Jair Bolsonaro oficializou na segunda-feira, dia 10 a nomeação do ex-presidente Michel Temer (MDB) como integrante da missão oficial que levará auxílio humanitário ao Líbano, por causa da explosão no porto de Beirute. A nomeação por decreto é um ato prévio para Temer obter aval do Judiciário e poder liderar a missão brasileira. A Justiça autorizou a viagem.

A tragédia, ainda investigada, levou à queda do governo local, com renúncia do premiê Hassan Diab e ministros. O país conta mais de 160 mortos, cerca de 6 mil feridos e mais de 300 mil desabrigados. A explosão ainda deixou desaparecidos.

O ex-presidente fala em usar suas relações com governantes locais para mediar o conflito político interno no Líbano, agravado pela tragédia, que deu força aos protestos em Beirute.

O país passa por crise econômica, com desvalorização da moeda, hiperinflação, casos de corrupção e pandemia da covid-19. Se vingar, seria a primeira mediação internacional do Brasil durante o governo Bolsonaro.

De origem libanesa, o ex-presidente Temer é réu em ações decorrentes de investigação por corrupção na Justiça Federal do Rio.

Ele chegou a ser preso por ordem do juiz Marcelo Brêtas, que já o autorizou a deixar o País chefiando a missão em nome de Bolsonaro, segundo a defesa do ex-presidente.

Brêtas havia proibido Temer de voar para dar palestras na Europa em duas outras ocasiões. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região, porém, liberou idas a Reino Unido e Espanha.

Politicamente mais próximo e atuando como conselheiro informal de Bolsonaro, Temer vai liderar a missão oficial brasileira, ao lado de parlamentares, empresários e diplomatas e autoridades do Palácio do Planalto. Ele se disse honrado com o convite de Bolsonaro. O ex-presidente elogiou o atual governo como uma "continuidade" das reformas que fez, embora tenha sido criticado pelo sucessor durante a campanha eleitoral.

Conforme decreto presidencial, a missão deverá ser realizada entre quarta-feira, dia 12, e sábado, dia 15. A previsão é que um cargueiro KC-390 da Força Aérea Brasileira decole 5,5 toneladas com mantimentos, insumos, medicamentos e equipamentos hospitalares da Base Aérea de São Paulo, na área ao lado do Aeroporto Internacional de Guarulhos. São cerca de 300 respiradores e 100 mil máscaras cirúrgicas.

Médicos também serão enviados como uma equipe multidisciplinar. O material foi doado pelo governo e pela comunidade libanesa no Brasil - o País recebeu a maior diáspora libanesa do mundo, com cerca de 10 milhões de imigrantes e descendentes.

Além de Temer, compõem a comitiva o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e o suplente Luiz Pastore (MDB-ES), o almirante Flávio Viana Rocha, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, o embaixador Kenneth da Nóbrega, secretário de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África do Itamaraty e o general de Brigada Carlos Augusto Fecury Sydrião Ferreira, representante do Exército.

Outros integrantes da delegação brasileira são o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf, o marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco. Além deles, viajam na comitiva Michael Pereira Flores, Ronaldo da Silva Fernandes, Luciano Ferreira da Sousa, Sebastião Ruiz Silveira Junior e Marcelo Ribeiro Haddad.

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