Brasil

Incêndios agravam quebra de safra de cana, diz Unica

Colheita em um momento inadequado contribuiu para a queda de 15 por cento na produtividade agrícola de São Paulo em 2014/15 ante 2013/14


	Cana de açúcar: perdas foram provocadas por uma forte estiagem que atinge o Estado desde o início deste ano
 (Elza Fiuza/ABr)

Cana de açúcar: perdas foram provocadas por uma forte estiagem que atinge o Estado desde o início deste ano (Elza Fiuza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 13h10.

São Paulo - Incêndios criminosos afetaram 5 por cento dos canaviais de São Paulo, maior produtor brasileiro de cana, e agravaram as perdas agrícolas decorrentes da seca na principal região produtora do Brasil, afirmou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) nesta terça-feira.

"Cinco por centro da área colhida teve uma quebra em função de colher a cana antes de completar o ciclo vegetativo", disse o diretor técnico da associação, Antonio de Padua Rodrigues, em conferência de imprensa.

A colheita em um momento inadequado contribuiu para a queda de 15 por cento na produtividade agrícola de São Paulo em 2014/15 ante 2013/14, segundo projeção divulgada pela Unica no fim de agosto.

Em boa parte, as perdas foram provocadas por uma forte estiagem que atinge o Estado desde o início deste ano.

A Unica prevê processamento de 545,9 milhões de toneladas da matéria-prima, ante 580 da estimativa oficial de abril e um recorde de 597 milhões de toneladas em 2013/14.

"Em algumas usinas, 25 por cento da área foi queimada por incêndio criminoso", exemplificou Padua.

O executivo destacou também que outro problema é que a cana queimada antes de atingir o potencial produtivo pode não apresentar o ponto ideal de corte quando rebrotar na próxima safra.

"Vamos tentar quantificar quanto queimou e não será colhido na próxima safra. Cada hectare não colhido na próxima safra representará prejuízo da ordem de 10 mil reais", disse Padua.

A associação destacou em nota que muitas vezes os incêndios são atribuídos erroneamente aos produtores de cana-de-açúcar, devido ao processo de queima da palha. E esclareceu que, desde 2007, o setor vem atendendo ao Protocolo Agroambiental, estabelecido de forma voluntária junto ao governo do Estado de São Paulo para a antecipação dos prazos de eliminação da queima na colheita da cana-de-açúcar.

"O setor produtivo realizou um esforço enorme para acelerar o término do uso do fogo e superou de forma significativa o cronograma previsto para a redução do emprego de queima controlada na despalha da cana-de-açúcar", disse a presidente da Unica, Elizabeth Farina, citando os investimentos em mecanização da colheita.

A Unica destacou que o índice de colheita em 2013/14 sem o uso do fogo atingiu 83,7 por cento da área total com cana no Estado, representando um crescimento relevante em relação aos 34,2 por cento verificados em 2006. "Nesse período, houve um investimento superior a 5 bilhões de dólares para a compra de máquinas e equipamentos utilizados na mecanização da colheita." P

Próxima Safra

O diretor da Unica ressaltou que dificilmente a safra 2015/16 conseguirá retornar aos níveis de produção recordes registrados na safra 2013/14, uma vez que o ciclo de recuperação dos canaviais é de dois ou três anos.

Em entrevista exclusiva à Reuters, em 7 de agosto, Padua já havia dito que a quantidade de cana do centro-sul do Brasil disponível para moagem na temporada 2015/16 (abril/março) provavelmente seria bastante semelhante ao total processado na fraca temporada atual (2014/15).

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