Mata Atlântica: no sábado, o fogo alcançou os campos de altitude, um dos ecossistemas mais raros da Mata Atlântica, a mais de 2 mil metros acima do nível do mar (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2014 às 14h08.
Rio de Janeiro - O Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, já teve mais de 1.330 hectares destruídos por causa dos incêndios que, neste domingo (19), completam uma semana. A área queimada é quase o dobro da registrada até sexta-feira, quando a conta chegava a 700 hectares de Mata Atlântica.
No sábado, o fogo alcançou os campos de altitude, um dos ecossistemas mais raros da Mata Atlântica, a mais de 2 mil metros acima do nível do mar: a frente de fogo, que estava restrita ao Morro do Mamute, perto de Itaipava, distrito de Petrópolis, chegou ao Morro da Luva, já na Travessia Petrópolis-Teresópolis, na parte alta do parque.
De acordo com o coordenador de Emergências Ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Christian Berlinck, o incêndio consumiu 856 hectares no Morro do Mamute, 420 hectares na região do Jacó, às margens da BR-495, e 55 na área do Quebra-Frascos.
Durante a noite, 12 brigadistas trabalharam para tentar conter o avanço do fogo usando bomba costal com capacidade para 20 litros de água, abafadores e ferramentas como enxadas e facões. No sábado, um helicóptero da Polícia Civil começou a ajudar no deslocamento de 40 brigadistas do ICMBio e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) que deixarão o acampamento no Morro do Mamute e seguirão para a nova frente de avanço das chamas. Um helicóptero do Ibama também trabalha nos lançamentos de água sobre os incêndios.
"A região é sensível, o fogo avança rápido, mas já estamos deslocando os brigadistas de helicóptero para impedir que o fogo chegue à escarpa", explicou Berlinck, que sobrevoou a área. "O fogo ainda deve avançar nas regiões do Jacó e do Cubaio, áreas de difícil acesso. Tentamos cercar os novos focos e traçar uma estratégia para combatê-los."
Outra dificuldade enfrentada pelos brigadistas é um fenômeno natural conhecido como "fogo de turfa", em que as chamas correm pelo material em decomposição acumulado no solo, queimando as raízes das árvores. A olho nu, apenas a fumaça aparece, o que dificulta a extinção do fogo.
Ao todo, 80 brigadistas do Ibama, ICMBio e voluntários trabalham na Serra dos Órgãos. Equipes do Ibama e da Polícia Militar fiscalizam o entorno do parque. Enquanto isso, 600 homens do Corpo de Bombeiros atuam no combate às chamas que se aproximam da zona urbana e de casas que continuam ocupadas pelos moradores.