Luiz Paiva, da Corporate, diz que número de empresas em dificuldades financeira vai aumentar nos próximos meses (.)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2010 às 18h37.
São Paulo - O avanço da inadimplência empresarial em julho, divulgado pela Serasa nesta segunda-feira (30/08), divide a opinião de especialistas quanto à projeção do cenário econômico para as companhias nos próximos meses.
Segundo Luiz Alberto de Paiva, presidente da consultoria Corporate Consulting, há um sinal de perigo nos números. Ele diz que tem observado um número cada vez maior de pedidos de socorro por parte de empresas com problemas para pagar suas dívidas.
O especialista explica que, quando o país retomou crescimento após a crise, diversas empresas optaram por investir de forma mais agressiva. Entretanto, na opinião de Paiva, o momento da economia não corresponde às elevadas expectativas dos empresários.
Na opinião do consultor, a economia não deve manter o ritmo explosivo do primeiro trimestre. Como consequência, o resultado tende a ser uma onda de pedidos de recuperação judicial e problemas com inadimplência no início de 2011.
"As companhias se empolgaram com a recuperação da economia brasileira e investiram demais. Agora, estão sufocadas por causa dos juros mais altos. Elas começam a ter dificuldade para comprar matérias primas, honrar sua folha de pagamentos. Agora muitas delas estão atrás de reestruturação", diz.
Na contramão deste discurso estão as opiniões de Luiz Rabi, economista da Serasa, e do presidente da consultoria FTI no Brasil, Paulo Leitão. Rabi lembra que na comparação anual do indicador de inadimplência, os números têm caído. "Depois da explosão da crise de crédito em 2008, por causa da crise, a situação tem melhorado. Nossas perspectivas para os próximos seis meses também mostram um cenário de queda do inadimplemento", diz Rabi.
A diferença nos argumentos dos dois especialistas é justamente a percepção sobre o momento da economia. "O país cresceu demais no primeiro trimestre e desacelerou bastante no segundo. Se a projeção fosse feita com base nos números do período entre abril e junho, ela realmente seria ruim, e estes problemas com dívidas viriam à tona. Mas não é possível replicar os tais dados, porque a economia voltou a crescer. Basta olhar para os números do IBGE para constatar isto."
Paulo Leitão, da FTI, reconhece que alguns setores específicos podem ter problemas. Entretanto, eles não correspondem a uma análise míope das empresas na hora de avaliar o cenário econômico.
"O atual momento de câmbio valorizado pode prejudicar empresas de setores muito dependentes da exportação, como os frigoríficos e as companhias de açúcar e etanol. Mas não vejo, no geral, problemas adiante. Pelo contrário. A economia está acelerada, há acesso ao crédito, e não projetamos nenhuma retração no curto prazo", conclui.