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Impostos e concorrência: os desafios da BYD e GWM no Brasil

Fabricantes chinesas de veículos elétricos lidam com estoques elevados e tarifas crescentes enquanto apostam em fábricas no Brasil

Carros elétricos da BYD são descarregados no porto de Suape, enquanto fabricantes buscam expandir suas operações no Brasil. (Peerapon Boonyakiat/SOPA Images/LightRocket via Getty Images)

Carros elétricos da BYD são descarregados no porto de Suape, enquanto fabricantes buscam expandir suas operações no Brasil. (Peerapon Boonyakiat/SOPA Images/LightRocket via Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 12h31.

Os portos brasileiros têm estado congestionados este ano com mais de 70 mil veículos elétricos (EVs) chineses não vendidos, evidenciando as dificuldades crescentes das montadoras da China para sustentar seu crescimento robusto.

De acordo com a Bloomberg, fabricantes como BYD e Great Wall Motor têm grandes ambições globais, e o Brasil tornou-se um mercado essencial para comprovar sua viabilidade no exterior, especialmente em meio a tendências protecionistas em outras grandes economias. O país, sendo o sexto maior mercado automotivo do mundo, é visto como a porta de entrada para o restante da América Latina.

Embora tenham criado o segmento de EVs no Brasil, as montadoras chinesas agora enfrentam desafios significativos. O excesso de veículos nos portos é resultado de uma tentativa de evitar novas tarifas de importação. Ao mesmo tempo, fabricantes locais têm reagido com investimentos e lançamentos de modelos elétricos. Além disso, o crescimento das vendas de EVs no Brasil tem mostrado sinais de desaceleração.

Vendas dobraram em 2024

Segundo dados da Anfavea, a participação de veículos eletrificados nas vendas totais no Brasil quase dobrou em janeiro de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a 7%. No entanto, esse número estagnou desde então. Até outubro, das cerca de 2 milhões de unidades vendidas no Brasil, apenas 140 mil eram eletrificadas.

A situação também reflete dificuldades de infraestrutura. O país ainda tem uma rede limitada de estações de recarga, o que desestimula consumidores preocupados com a autonomia dos veículos em um país extenso como o Brasil.

Para contornar os desafios, fabricantes chineses intensificaram seus esforços. A BYD, por exemplo, planeja inaugurar em março de 2025 sua primeira fábrica de carros elétricos fora da Ásia, localizada em uma antiga planta da Ford em Camaçari, Bahia. O investimento de 5,5 bilhões de reais (US$ 1,1 bilhão) deve permitir a produção de até 300 mil veículos anualmente em dois anos.

A Great Wall Motor, por sua vez, pretende iniciar operações em maio em uma planta anteriormente ocupada pela Daimler. A empresa anunciou um investimento de 10 bilhões de reais (US$ 1,6 bilhão) ao longo de uma década.

Além dessas, outras marcas chinesas, como Chery, GAC e Zeekr, anunciaram investimentos significativos e planos de expansão para o Brasil, buscando capitalizar no mercado local em meio às barreiras tarifárias impostas por EUA e Europa.

Tarifas do governo

As tarifas, que começaram a ser reintroduzidas pelo governo Lula em janeiro de 2024, visam equilibrar a competitividade entre montadoras locais e importadoras. Inicialmente fixadas em 10%, as tarifas devem subir gradualmente até alcançar 35% em 2026. Enquanto isso, fabricantes locais como Volkswagen, Toyota e Stellantis anunciaram investimentos de mais de 100 bilhões de reais (US$ 20 bilhões) para desenvolver soluções híbridas que combinam eletricidade e combustíveis como gasolina e etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar.

Com o mercado em transformação, o futuro do setor automotivo no Brasil dependerá não apenas de inovações tecnológicas, mas também da capacidade de atender às demandas de infraestrutura e regulamentações locais.

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