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Impeachment já tem maioria no Senado

Processo precisa de maioria simples para ser aprovado no Senado, com 41 votos; pesquisa do Estadão mostra que já há 45 votos pelo impeachment


	Senado: até agora, ministros mais próximos ao governo calculam que têm 28 dos 81 votos do plenário.
 (Wilson Dias/ABr)

Senado: até agora, ministros mais próximos ao governo calculam que têm 28 dos 81 votos do plenário. (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 08h57.

Brasília - Com a aprovação da Câmara pela continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a próxima etapa é o encaminhamento do caso para o Senado.

Levantamento de O Estado de S. Paulo mostra que já há 45 senadores favoráveis à abertura de processo por crime de responsabilidade. Vinte e um se declararam contrários. Seis parlamentares se disseram indecisos e 9 não quiseram se manifestar.

Para que o processo seja admitido e aberto no Senado são necessários 41 votos.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) é, hoje, o nome mais cotado para presidir a Comissão Especial que avaliará o caso. Ela já se declarou a favor do impeachment. Ministros do "núcleo duro" do Planalto calculam que o governo tem, hoje, 28 dos 81 votos no plenário.

No levantamento, o PSDB é o partido com a maior quantidade de senadores favoráveis ao afastamento da petista, com 11 nomes.

Já no PMDB, do vice-presidente Michel Temer, nove se declararam a favor do processo, três contra, três se disseram indecisos e três não quiseram se manifestar. Na Casa, o PT é o único partido no

qual todos os parlamentares são contrários ao afastamento da petista.

A partir da aprovação da abertura de processo pela Câmara, as atenções dos movimentos pró-impeachment se voltam para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

"Agora a pressão é total em cima de Renan", disse neste domingo um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Renan Santos.

A intenção é fazer com que o peemedebista conduza o processo com celeridade, para que a votação na Casa ocorra até dia 11 de maio.

"Biografia"

No sábado, Renan disse a oposicionistas que não iria "manchar" sua biografia ao ser questionado se aceleraria o processo de impedimento de Dilma na Casa.

A mesma frase foi dita naquela noite por ele em conversa na residência oficial com senadores do PT e aliados de Dilma.

Com a aprovação do pedido na Câmara, Renan passa a ser o "árbitro" do impeachment, tendo poderes para ditar o ritmo do processo que opõe os dois principais personagens da crise: o vice-presidente Michel Temer e Dilma - que demitiu do governo todos os indicados pelo peemedebista.

Os líderes de oposição na Câmara temem que os governistas e o PT tentem "tumultuar" o processo nos 180 dias de duração máxima do afastamento de Dilma.

"Vão tentar desestabilizar o começo do governo Michel Temer e provavelmente dificultarão a aprovação de projetos. Michel Temer terá que mostrar habilidade para dar respostas rápidas e se firmar, caso contrário o cenário pode virar no Senado nos próximos seis meses", diz o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), secretário-geral do partido.

Já o também deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que votou contra o impeachment na Câmara, não acredita em uma reversão do resultado do processo no Senado.

Os senadores terão de decidir se instauram o processo de impeachment e afastam a presidente Dilma do cargo. "Eu acho que não é possível reverter no Senado porque os partidos reclamaram questão", disse o parlamentar do PSOL.

Valente lembrou que líderes do PMDB estão envolvidos em investigações da Lava Jato, e avalia que Temer não teria respaldo da sociedade, de acordo com pesquisas de opinião. "Ele, Temer, também é rejeitado. Vamos viver o momento do impasse e o PSOL se declara em oposição a esse conluio que foi feito para esse atalho de chegada ao poder", disse Valente.

Desolado

No domingo, desolado em um canto do plenário, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), admitiu a dificuldade do governo. "Não é fácil reverter, neste momento. O que deu errado já vem dando há muito tempo. Vamos baixar a poeira e pensar no que fazer", lamentava o parlamentar.

Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que o governo sofreu uma "derrota momentânea", mas que "a luta está apenas começando".

"A derrota é momentânea, as ruas estão conosco e temos condições de virar o jogo no Senado. Essa é uma agressão à legalidade democrática", disse Guimarães.

Ainda segundo o líder, começará hoje uma "guerra prolongada". O deputado petista descartou durante a entrevista que o governo vá adotar a tese de convocar eleições gerais.

Ainda na noite de domingo, diante da derrota na Câmara, parlamentares do governo foram chamados ao Planalto para tentar unificar o discurso de que a derrota é momentânea e que o governo continuará lutando para derrotar o impeachment no Senado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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