Brasília - A identificação dos restos do candidato à presidência Eduardo Campos, morto ontem em um acidente aéreo em Santos, no litoral de São Paulo, demorará entre "dois ou três dias", informaram nesta quinta-feira fontes oficiais.
Campos, que aparecia em terceiro nas enquetes relacionadas às eleições de outubro, com 10% das intenções de voto, morreu junto de outras seis pessoas na trágica queda do jato em que se deslocava para cumprir os atos de sua campanha.
O acidente ocorreu em meio a uma forte chuva, enquanto a violência do impacto deixou o aparelho inteiramente destruído, tendo em vista que os destroços da aeronave se espalharam em um raio de uns 200 metros.
Os bombeiros informaram que puderam localizar partes dos restos mortais de Campos e dos outros ocupantes, mas que a identificação das vítimas dependerá de exames de DNA que já começaram a ser realizados no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.
O delegado Aldo Galleano, a cargo da investigação do acidente, disse hoje aos jornalistas que a identificação dos restos mortais demorará "dois ou três dias", embora não tenha citado um prazo determinado.
"Tudo dependerá do estado do material genético recuperado", explicou o porta-voz policial, que acrescentou que as autoridades já solicitaram mostras dos parentes de todas as vítimas para realizar as comparações necessárias.
A morte de Campos fez com que os demais candidatos à presidência, incluindo a presidente Dilma (PT) e Aécio Neves (PSDB), suspendessem suas campanhas, enquanto aguardam o enterro do líder do Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Após a trágica morte de Campos, o PSB tem um prazo de dez dias (até o próximo dia 23) para definir quem será seu novo candidato à presidência, uma decisão que, segundo alguns dirigentes do partido, deverá ser tomada somente após o enterro das vítimas.
No entanto, tanto a imprensa como todos os analistas políticos coincidem em que o partido deverá postular a ecologista Marina Silva, candidata à vice-presidência na chapa.
Marina se filiou ao PSB em setembro do ano passado, depois de não ter conseguido formalizar em tempo a criação de um novo partido para tentar chegar ao poder, a Rede.
A até então candidata à vice-presidência ficou na terceira colocação nas eleições de 2010, com quase 20% dos votos.
Até agora, as enquetes de intenções de voto indicavam 40% para Dilma, enquanto Aécio mantinha 23%.
Desta forma, Campos, que aparecia com 10%, se apresentava como uma "terceira via" no cenário eleitoral e como um possível fator de desiquilíbrio em um hipotético segundo turno entre os dois primeiros candidatos.
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1. Vida política
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1/10 (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)
São Paulo -
Eduardo Campos nasceu em uma das famílias mais influentes do Brasil. E faleceu buscando o compromisso maior com a vida política: a presidência do Brasil. O candidato morreu nesta quarta-feira aos 49 anos. Ele estava
no jatinho que caiu nesta manhã em Santos. Veja nas fotos a seguir os principais momentos de sua vida.
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2. Início
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2/10 (Evaldo Costa/Flikr)
Eduardo Henrique Accioly Campos nasceu em Recife, Pernambuco, em 10 de agosto de 1965. Filho do escritor Maximiano Campos e da atual ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes e neto de Miguel Arraes, Campos nasceu em uma família de políticos. Em 1990, começou sua carreira política oficialmente ao ser eleito deputado estadual pelo
PSB.
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3. Família política
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3/10 (Alexandre Belem/JC Imagem)
Em 1986, envolveu-se na campanha para governador do avô, Miguel Arraes. Miguel Arraes foi um importante político brasileiro, tendo sido deputado estadual e governador do estado do
Pernambuco três vezes. Arraes passou 15 anos exilado por conta da ditadura. Em 1994, Campos integrou o governo de Arraes, onde ocupou o cargo de secretário da Fazenda de Pernambuco entre 1995 e 1998.
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4. Ministro do governo Lula
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4/10 (Aluísio Moreira/Divulgação)
Após três mandatos como deputado federal, Campos assumiu, no início do governo
Lula, de 2003 a 2005, o cargo de Ministro da Ciência e Tecnologia. No mesmo ano, assume a presidência nacional do PSB.
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5. Governador
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5/10 (Wikimedia Commons)
Em 2006, foi eleito
governador de Pernambuco com mais de 60% dos votos válidos. Em 2010, foi reeleito com a maior porcentagem dos votos válidos de todo o Brasil: 83%.
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6. Parceria com Lula e Dilma
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6/10 (Aluísio Moreira/Divulgação)
Em 2009, Campos integrou a campanha da eleição de
Dilma Rousseff. Em 2010, chegou a afirmar que apoiaria a presidente em 2014, mas, desde 2013, vinha dando sinais de rompimento com o rumo político que o governo tomava.
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7. Campanha para a presidência
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7/10 (Antonio Cruz/ABr)
Em abril deste ano, Eduardo Campos deixou o cargo de governador do Pernambuco para concorrer à Presidência do Brasil pelo PSB, ao lado de
Marina Silva. Campos e Marina estavam em 3º lugar na corrida eleitoral para a presidência da República.
O futuro da campanha ainda é incerto.
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8. Suassuna
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8/10 (Divulgação/ Flickr Eduardo Campos)
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9. Mãe
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9/10 (Roberto Pereira/Divulgação)
Ana Arraes, mãe de Eduardo Campos, também seguia a veia política da família. Membro do PSB desde 1990, foi eleita Deputada Federal em 2006. Em 2010, foi reeleita, mas deixou o cargo em 2011 para ocupar a cadeira de Ministra do Tribunal de Contas da União.
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10. Família
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10/10 (Divulgação/Facebook/Eduardo Campos)
Eduardo Campos deixa a esposa, Renata Campos, e cinco filhos. O mais novo integrante da
família, Miguel, nasceu em janeiro deste ano. Triste coincidência, ele morreu no mesmo dia que o avô, de quem herdou a veia política: 13 de agosto de 2005.