Neste ano a indústria não contará com benefícios de isenção fiscal, como ocorreu no ano passado (Stock Exchange)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2011 às 10h53.
São Paulo A queda de 3,2% na produção industrial de veículos automotores em janeiro ante dezembro já reflete as medidas de restrição de oferta de crédito de longo prazo anunciadas pelo governo em dezembro. A avaliação é do economista André Macedo, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Macedo lembrou que este setor engloba autopeças, caminhões e automóveis. "Mas esta queda tem mais a ver com recuo na produção de automóveis", disse, comentando que as medidas do governo de menor disponibilidade de crédito afetam mais diretamente a produção de automóveis. O motivo é que influenciam na venda deste produto, de maior valor agregado, e cuja compra é efetuada por meio de crédito de longo prazo.
No entanto, Macedo destacou que a expansão na produção de veículos automotores foi de 8,2% em janeiro deste ano ante janeiro de 2010. Esta taxa, segundo o economista, foi a maior contribuição para a alta de 2,5% em janeiro deste ano na atividade industrial como um todo, ante janeiro de 2010. "O que podemos dizer é que, apesar do recuo na margem, a produção de veículos automotores continua operando em patamar elevado", disse o especialista.
Ele lembrou que o ano passado foi excelente para o setor, beneficiado por medidas de isenção fiscal e maior disponibilidade de oferta de crédito. Sem efetuar previsões específicas sobre o tema, Macedo ainda admitiu que é possível dizer que as atuais medidas de restrição de crédito no longo prazo no mercado brasileiro devem continuar a impactar negativamente a produção nacional de veículos automotores.
Dinamismo
Mesmo com um aumento de 0,2% na atividade industrial em janeiro contra dezembro, após dois meses em queda neste tipo de comparação, a indústria permanece "com ritmo de atividade em menor dinamismo", na comparação com o ano passado, avaliou André Macedo.
"Tivemos uma variação positiva, e isso é um resultado importante. Mas isso não supera a avaliação que temos de menor dinamismo da indústria e não elimina por completo a queda dos dois meses imediatamente anteriores", resumiu Macedo. "Janeiro nos mostrou o retrato de um setor industrial com comportamento bastante moderado", afirmou.
Sem fazer previsões para 2011, o especialista admitiu que há fatores que podem ajudar a diminuir o nível de atividade da indústria brasileira neste ano. Um dos mais importantes é a continuidade da entrada de importados no mercado doméstico brasileiro, devido ao dólar fraco.
Além disso, Macedo lembrou as medidas de restrição na oferta de crédito. Também este ano a indústria não contará com benefícios de isenção fiscal, como ocorreu no ano passado. "Este conjunto de fatores deu o tom do comportamento moderado na atividade industrial que vimos, na margem, nos últimos meses", avaliou.