Trabalhador do Censo, do IBGE: o IBGE vem fazendo, desde 2011, uma adequação de suas pesquisas à Classificação Nacional de Atividades Econômicas 2.0 (Divulgação/IBGE)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2014 às 17h16.
Rio - Em meio à polêmica causada pela suspensão da divulgação da PNAD Contínua, o coordenador de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, descartou nesta segunda-feira, 28, qualquer indisposição com o fato de a atualização metodológica da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), cuja primeira divulgação será no próximo dia 7, ser feita em ano eleitoral.
"É uma prática que a gente faz sempre (incorporar imediatamente ao cálculo do PIB as revisões de pesquisas conjunturais que ficam prontas). Estou pouco me importando com o ano eleitoral", disse Olinto em seminário sobre as mudanças na PIM-PF, na sede do IBGE, no Rio de Janeiro. Ele lembrou que, no Brasil, temos eleições ano sim, ano não.
A atualização da PIM-PF já será incorporada ao cálculo do PIB (soma de toda renda gerada no país) do primeiro trimestre deste ano.
O dado será anunciado pelo IBGE no próximo dia 30 e, com a nova metodologia sobre a indústria, haverá revisões no PIB desde 2013.
O IBGE vem fazendo, desde 2011, uma adequação de suas pesquisas à Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0, de forma a atender aos requisitos de atualização da metodologia de cálculo do PIB aos padrões internacionais. A PIM-PF é a última a passar pela atualização.
Na nova pesquisa industrial, saem da lista de itens investigados os produtos já obsoletos, como videocassete e tubos de imagem. Por outro lado, entram as novidades da indústria nos últimos anos, como tablets e biodiesel.
"Os principais produtos não têm grandes novidades. As principais atividades, como fabricação de alimentos, veículos automotores, máquinas e equipamentos e extrativa continuam sendo muito importantes dentro da indústria", disse Flávio Maghelli, coordenador de Indústria do IBGE.
Outras mudanças, já anunciadas anteriormente, são o aumento do número de produtos selecionados para a pesquisa mensal, de 830 para 944; a ampliação do total de unidades locais (fábricas) pesquisadas, de 3,7 mil para 7,8 mil, e a inclusão de Mato Grosso na lista dos Estados para o qual há divulgação de dados regionais de produção.
O crescimento da amostra ocorre tanto pelo aumento no número de produtos pesquisados quanto pelo aprofundamento das informações sobre as atividades investigadas.
"A pesquisa não se propõe a ser um censo. A gente não investiga todas as plantas industriais daquele produto. Se a gente tivesse um censo de cada produto, as informações seriam mais apuradas, mas, por outro lado, a gente não divulgaria com 30 dias de defasagem", ponderou Maghelli.
Segundo ele, os técnicos da pesquisa estão em constante contato com associações industriais, fazendo o acompanhamento de abertura de novas fábricas para que sejam imediatamente incorporadas à amostra.
Isso explica que unidades industriais existentes, mesmo em regiões que não possuem dados desagregados na pesquisa, já contribuam para mensurar a produção de toda a indústria nacional, como é o caso de montadoras de veículos em Goiás ou de fabricantes de produtos alimentícios de Mato Grosso.
"A PIM-PF permite a entrada de novos informantes a qualquer momento, de novas fontes industriais", disse o coordenador de Indústria, reconhecendo, porém, que às vezes o instituto encontra dificuldades para convencer novos fabricantes a se tornarem informantes.